sábado, 20 de julho de 2013

A MURALHA




Construí uma muralha imaginária, pedra a pedra
e em torno da minha vida me isolei
na esperança de nunca ser alcançada
uma mulher eremita me tornei.

Impenetrável, impedia à luz da madrugada,
pedras lavadas com lágrimas e desconfiança
e tentei impedir que o amor entrasse ali
e destruísse toda a minha frágil confiança.

Escondi a chave da única porta
e a impenetrável muralhar de todos protegida.
Nenhum sentimento invadiria meu território,
um imenso e profundo fosso, o amor impedia.

As velhas muralhas gritavam por liberdade
Abafando a sensualidade do meu gemido!
Como a brisa marinha encantada e imprevisível
abafava e silenciava o clamor do meu grito.

Mas como a andorinha que anuncia a primavera
roubas-te minha chave e teu amor a porta abriu
e tuas mãos quebram as muralhas em mil pedaços…
e em poesia deixou em abertos tristes espaços...

Entre as muralhas caída resgataste minha vida…
e me levaste a sentar na areia da praia dos afetos,
e senti contigo a onda e brisa e de um doce beijo,
e descobri como se escala a muralha do desejo…

Alma nova que retoma a paixão de outrora,
é em teus braços que coração e alma se apaixonam
Não me privarei de novo do esplendor da aurora!
Agora liberta, escuto tua chegada…passo a passo,
Teu perfume corre entre as brechas do velho muro…

E o teu canto é o mais sedutor... o amor mais puro,
Onde reinava a noite surge a luz do dia,
Os ventos sopram e agitam as árvores que eu não via
e agora feliz limpo o pó do velho livro de poesia.

O amor mais lindo encheu a minha vida de estrelas
E renasceu no meu corações como flores nos quintais...
estou livre das muralhas destruídas... pedras espalhadas
E posso dizer: Vem até mim meu príncipe querido!
Minha paixão voa nos vales…sobre folhas orvalhadas.

Tu que com tua presença meu coração acelera.
És comparável ao mais belo entre o céu e a terra,
Tudo aquilo que a triste muralha tapava...

19-07-2013
Rosangela Ferris
ABPE - 09-0858





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