Hoje Destacamos

POEMA DO DIA

O que pretendemos com esta iniciativa? Escolher o melhor poema? Não! Nunca o será. O melhor poema não existe. Se para um poeta determinado poema é considerado o melhor, para outro não o será, certamente. A sensibilidade, o gosto pessoal, o tema, a forma como é desenvolvido e tantas outras coisas irão determinar uma escolha.

Para o poeta escolhido, para esse, sim, será um dia marcante porque é o seu dia. E é nosso dever partilhar com ele essa alegria de ver reconhecido o seu trabalho.

Os poetas são muitos. Aos poucos iremos referenciando um após outro, quiçá, sem conseguirmos nomeá-los a todos. É a lei da vida.

Pedimos a vossa compreensão e estímulo, abraçando esta iniciativa com alegria e entusiasmo e partilhando em cada dia a alegria do poeta como se fosse este o nosso poema.


2015 04 09
Diz-me 
De que são feitas as pétalas coloridas
Dos meus sonhos?
Como posso vencer o intervalo
Entre o sonho e a verdade salgada?
Como posso embalar
E mergulhar neste oceano de sentimentos
E na distância de uma lágrima doce
Abraçar o teu peito musculado?
Diz-me
Como posso juntar o meu ao teu rosto
Entregar-te a forma da minha boca
Flutuar com febre na paisagem das tuas palavras meigas
E vacilar no horizonte?
Como posso desvendar o segredo do teu beijo
E beijar-te sem regras e com fulgor?
Como nasce o amor nos meus olhos?
Em pontas soltas, em bicos de pés?
Como é andar de mãos dadas
Palpitar por dentro 
E chamar pelo teu nome baixinho
Se eu permaneço na sombra
E de asas fechadas?
Telma Estêvão
2015 04 08

PALAVRAS INÚTEIS
Gastei todas as palavras 
Que tinha para ti 
Gastei todas as palavras no tempo 
Gastei contigo 
Os poemas mais lindos 
Que não consegui escrever 
E os cristalizei no meu coração 
Rasguei os versos que sonhei 
Para te oferecer 
Já gastos de tanto serem lidos em mim 
Nos meus dias de solidão. 
Queimei da gaveta da minha memória 
Todos os livros e poemas dos poetas 
Que descobriram o nosso amor 
E o denunciaram… ao mundo 
Nos seus versos, de mansinho… 
Despi-me de sonhos que inquietavam 
A janela da minha mente 
No desejo infinito de desamar 
Na tristeza de uma ilusão 
Que não fazia qualquer sentido 
Nos escombros da minha alma 
Joguei fora todas as palavras soltas 
Que ainda moravam às escuras dentro de mim …….
E, foram tantas as palavras gastas 
Inúteis, inúteis, inúteis…!
Alice Teixeira

2015 04 07

Desassossego Mental

O desarticular de um ínfimo caos
alojado nas letras duma alvacenta poesia
dissolvida nas pálpebras do pensamento.
Golpes envenenados de realidade 
ferem o perfume da alma: fragrância de vida.
Surge uma feliz tempestade a procurar por mim
desliza pelas arestas do meu apetecível silêncio
almeja ser tocado por um corpo
quer farejar a matéria perdoada desta carne.
Metáforas perfuradas pela voz das horas
ao som deste desassossego mental
ouço o teu sorriso a aproximar-se 
chega nas asas de um colossal sentimento
que se dispersa numa neblina condensada
agora plantada no chão que caminho.

Joni Baltar
2015 04 06

PARA LÁ DO INFINITO
Transcende em mim, num olhar breve, o infinito da tua ausência, 
procuro encontrar no táctil de minhas mãos, a caricia que perdi, 
e num sentimento vazio, fico inerte, perdido no espaço e tempo... Onde mora a saudade de ti.
Para lá do infinito, agarro o pensamento como mola da vida, desnudo
de meus olhos, lágrimas sentidas, e num simples raio de luz, procuro
tua essência divina, onde sei que a vida morreu, onde o grito urge no
silêncio de ti.
Para lá do infinito, embrenho-me no silêncio que me domina, me 
fulmina, na doce paixão de te perder, onde a escuridão me ataca, o
mais puro de mim, onde a voz se embarga, e num acto contido da perda, a dor me rasga o coração, no desfolhar de tudo o que perdi, aí
nasce a plena consciência que tudo morre, que tudo têm sentido de ser.
Para lá do infinito, resguardo-me no meu mutismo astuto, vagueio entre
o pensamento e a perda, do que tive e perdi... sou o delinear do sentimento pelo que morreu, sou tudo aquilo que Deus me deu.
CARLOS JOSÉ FERREIRA

2015 04 05
Poeta, quem és tu?
Poeta, diz-me quem tu és
Que consegues até trocar as marés
Que mesmo a sonhar
Consegues ouvir as ondas rebentar
Até nos dias que nascem com ligeira bruma
Consegues ver a areia abraçar a espuma 
Que antes de o sol nascer
Sabes a beleza que ele vai oferecer
Poeta, serão momentos de inspiração
Ou poemas que guardas na imaginação?
Quando escreves que o sol vai brilhar
Que a todos nos vai encantar
Como sabes que o dia nasce belo e bonito
Se sonhas, e não olhas o infinito?
Poeta, no teu sonho consegues descrever
Até a beleza do sol ao se esconder
Serás tu um aliado da natureza
Que em sonhos descreves tanta beleza?
Mas agora que a noite que está a chegar
Sou eu que te peço, deixa-te ficar
Continua a escrever, e a sonhar
A imaginação do poeta, não deve parar
Eu também gostaria de ser como tu
Mas por favor poeta, diz-me, quem és tu?
José Manuel Guerreiro.
2015 04 04

Renovação da Vida

A grandeza da natureza
mostra a sua fúria o seu poder
vêm raios e trovões
chuvadas, enxurradas
destroem tudo
todo o cenário se altera.

É tão devastador olhar à volta.

Mas a mão divina
e a mão do homem
rapidamente
edificam e reconstroem.

Num campo queimado,
para espanto, a chuva cai
de mansinho no solo
acordando as sementes.

De repente os campos
surgem novamente floridos.

E toda a natureza continua
na magia do seu viver...

Nunca perca a Esperança,
a Vida renova-se todos os dias.

2015 04 03
PARA TI...
Há no teu ser
o aroma das manhãs floridas
o canto do melro
o calor do sol
que fazem renascer
em mim esperanças
num querer
tão sério
tão puro
tão autentico
na esperança de um dia
te beijar
sem medos
num terno ardor
e segredar-te...
-´" És tu o meu amor" !
Jorge T. De Morais

2015 04 02


A NOSSA MÚSICA

Com teus braços tu vestes meus desejos,
Com teus beijos adoças os meus dias,
Com o teu riso dás-me as alegrias,
No espelho dos teus olhos me revejo.

Tuas palavras, doces melodias,
São o ritmo maior deste solfejo
Que a vida fez p’ra nós e onde vejo
As claves do meu sol, antes vazias…

Todos os tons em ti são afinados
Por padrões de carinho e alegria,
Que cantaremos sempre apaixonados.

És canção que componho dia a dia,
Pauta dos meus acordes mais tocados,
Princípio de uma longa sinfonia!…

Carlos Fragata
2015 04 01

CÂNTICO MATINAL

Recolhe-me no teu abraço
onde me cantas amanhãs de ternura.
Não deixes que os teus lábios esvoacem
na lonjura dos caminhos e, se o fizerem,
deixa que os pássaros que te habitam
me façam nascente, inquietude de rio
entusiasmo de corrente. Não permitas
que cada momento seja igual ao que passou,
inclui-me na ousadia que te anima, faz-me chegar
esse olhar raiado de viagens por descobrir,
faz-me acontecer em novos portos onde o sol só
madruga para nos ser berço. Que alta seja a madrugada
e no teu abraço desponte a minha essência de mulher.

Teresa Almeida Subtil

2015 03 31
Saudades...

Saudade dum tempo longínquo
onde a voz rendada do vento era-me um presente.

Dum templo de rútilas primaveras
onde a prece tinha a pronúncia das flores.

E dos sabores das amoras maduras
dos beijos teus ... agradando aos meus.

Da voz dos lírios dos vales
voando na brandura da brisa num fim de tarde.

Purpúreos desejos na ponta dos dedos
amarrando a voz de todos os medos.

Saudade do som do rouxinol a beijar o dia
num amor grande e formoso.

Carinhos carmins nos bancos de jardim
entre tílias e jasmim.

Abraço a lonjura que minha alma segura
num carinho indefinível a segredar em mim.

Saudades do que foi e será
num infinito que Deus proverá.

Emília Maria
2015 03 30

Quero Ser….
(Dos meus tempos felizes)

Quero ser uma estrela de intenso fulgor
Um eterno poema de paz e amor.
Quero ser a flor que, com singeleza
Te oferece, o perfume, a graça, a beleza.

Quero ser o tom verde da tua esperança
A força serena que dá confiança.
Quero ser a ternura e a suavidade
Do abraço amigo, que embala a saudade.
Quero ser o sorriso da tua alegria
A fé, a certeza, a tua harmonia!

© - Maria de Lurdes Cunha

2015 03 29
NASCI POBRE

Nasci sobre os mais pobres cobertores.
e entre lençóis de linho perfumados, 
num viveiro de eternos sonhadores, 
depois de abrir meus olhos, recatados. 

Eu provim de dois versos sedutores, 
que foram por meus pais representados, 
sou um fruto concebido, em seus amores, 
tinham sido escolhidos por meus fados. 

Em minha casa térrea, mas modesta, 
entravam andorinhas, sempre em festa, 
levando no regaço, o sol a pino. 

Brilhava a minha Terra, e o sol sorria, 
raiando cmo o Farol de Alexandria, 
encostada ao garrote do destino.

Manuel Manços
2015 03 28
2015 03 27

2015 03 26

De canto em canto

De canto em canto
De verso em verso
Construo o universo
Que amo tanto!
Com palavras edifico
paredes do meu existir,
e se tudo vier tudo ruir
como é que fico?
Ó desencanto,
até outro universo
construir com versos
de alegria e canto.
Comigo mora o amor,
a paz e a melodia
por vezes a melancolia,
companhia sem sabor.
Mora também a paixão
que me chama de desejo
por vezes acordo e vejo
ela a chorar de solidão.
De canto em canto
de verso a poesia
Construí a moradia
do meu encanto.
E assim sou feliz!

Cláudia Santos
2015 03 25 

Perder-Te, é demais!

Vieste ao mundo, foi para ficar nele
e comigo.
Porque tenho-te, e tu me tens
é porque nos merecemos um ao outro;
se vim ao mundo contigo
nunca sairás do mundo sem mim!
Estamos juntos desde sempre
mesmo antes de nos conhecermos…
Fomos unidos por um cordão umbilical
comemos do mesmo fruto sentimental;
e na grandeza desse mistério da fé
nossas vidas não terão fim.
Primeiro, deste-me a vida 
depois o nome e, ainda bebé
chamaste-me de filho, o teu amor.
Tu já tinhas um nome…
sempre te conheci e chamei de Mãe
o teto da minha alma!
Ainda hoje, nesta nostalgia serena… calma;
e, apesar do teu mundo ser tão diferente do meu
continuo a chamar-te, Mãe.
Quiseste partir, disseste-me adeus…
mas não para sempre!
Deixaste o relógio do coração e o teu peito
para que me lembre do tempo, em que nos amamos…
vimo-nos crescer em amor;
Ambos crescemos, Mãe!
Lembras-te? Foi desse jeito;
ambos sonhamos, ambos rimos, ambos choramos;
ambos partilhamos a alegria e a dor…
até ao inesperado momento, em que
trocaste a vida terrena, pela vida celeste
a dor, pela placitude
o corpo, por anjo
a parte, pelo todo
o fim, pelo começo…
Agora estás sempre comigo.
Estejas onde for, com quem for
sempre podes ver cá para baixo
mas eu, não consigo olhar aí para cima…
essa luz cega-me. É brilho demais!
Como podes dar-me a paz, se a levas contigo?
Oh, se eu conhecesse essa paz etérea…
não sentiria a angústia da tua ausência;
sei que tinhas um lugar reservado no céu…
mas, perder-Te!...
Talvez nunca tenhas sido minha, nem eu teu.
Acreditei e pedi o fim do teu sofrimento
do mesmo modo, acreditaste e suplicaste
continuar a sofrer…
Tinha que ser assim!
Para que pudesse sofrer-te inteiramente
e contemplar esse amor em mim.
Enquanto meu coração bater…
amar-te-á eternamente.
Perder-Te, é demais!
É amar-Te ainda mais.

Pedro Lima
 


2015 03 24

PASSOS

Caminhos fechados
de mim, me impelem
abrir veredas...
.
Rumos bloqueados
sem sinais, me fazem
buscar abrigos
seguros...
.
Em meio a voar
meio tonto,
meio às cegas
sigo no coração
radar...
.
Enredado em
descaminhos
me imagino em
cordões cortados
como em labirintos
de Teseu...
.
Mas se me faltam
estradas novas,
me busco novos caminhos
no céu... assim vou,
voando a me buscar
alturas... além-mundos...!
.
alkaspoetry

2015 03 23


INTERIOR

"Livres...do jugo das horas!
Presos...à paz lá da alma!
Longe...do caos deste mundo!
Perto...da mais simples calma!
Nada...em volta tem pressa!
Tudo...é feito aos pouquinhos.
Cedo...café bem coado.
Tarde...trilhando caminhos.
Cura...pra dor que desmonta.
Pausa...pro corpo em pedaços.
Asas...pro dom da preguiça.
Fuga...pros nossos cansaços.
Sono...com tempo infinito.
Mesa...com tudo em fartura.
Dias...com cheiro de mato.
Ares...na forma mais pura!"


Vilmar Costa.


2015 03 22

TANTAS TERNURAS

Com uma onda de emoção,
Que emerge esta ternura,
Com este convite sedoso da poesia.
Descortina meu espírito,
Com suaves arrepios à 
Percorrer minha pele.
Esta emoção que sutilmente
Me enlaça e alimenta,
Com o calor de sua chama,
Sob a centelha deste coração trovador.
Dança em minha mente, num mar de veludo,
Melodias, rimas, letras salpicadas com amor,
Que flerta com as emoções deste meu coração.
São tantas ternuras, 
Amontoadas no canto de meu coração,
Com muitas cores e doces personagens,
Que voam no céu dos meus pensamentos,
Buscando as pétalas de seda,
Na natureza efervecente, 
Com seus inebriantes perfumes.
Maravilhadas nestes eterno prazer,
Com doçura, tal à caricia de amor,
Embelezada com amor,
Flutuando na brisa do vento.
A esperada metamorfose,
Surge com o sentimento profundo.
Nas asas livres da liberdade,
Num momento só de sonhos
Viver, sob os segredos dos pensamentos,
E os transes que causa nos sentidos,
Que fazem a leveza da felicidade,
Uma agradável cadência nesta existência,
Me prende com seus fascínios,
Em sua suavidade, 
Com a cumplicidade devorando o,
Fogo da paixão.
Tudo de mais sublime e efêmero,
Passa sob meus escritos,
Com a carícia da mente.
Não esqueço que mesmo durante o dia,
Podemos sonhar,
Com o eco dos pensamentos doces.

Maria Aparecida Galvão

 2015 03 21

BORBOLETAS
Dizem que amar faz aparecer borboletas
Que na barriga esvoaçam agradavelmente
Penso que são ideias hoje obsoletas
Se escrevo esvoaçam mais intensamente.
Borboletas pequenas e sensíveis
De força extrema e impressionante
De beleza e sensibilidade inesquecíveis
De um brilho deveras perfurante.
Sinto minhas borboletas na ponta dos dedos
Pedindo que as desenhe no papel
E quando escrevo sinto que movo rochedos
Que a vida perde o sabor a fel.
Borboletas que me fogem do pensamento
Que ganham vida na minha escrita
Escrever é de facto o melhor unguento
Para todos os males que o destino dita.
Borboletas nunca me abandonem elas
Que escrever é já uma paixão
A cada texto uma borboleta a aguarelas
Das cores que revitalizam meu coração.
Sara Ribeiro 
2015 03 19

EMBEBEDANDO-ME EM POESIA

Todos os dias são estrelas contadas no Céu 
São como aves esvoaçando o universo 
São contagens de Deus 
Vendo-nos acarinhar a Poesia

Os olhos pregados no coração fazendo súplicas de luz
E cambaleando como se fossemos bêbados
Embebedando-nos em poesia 
Taças cheias de cristais transbordando energias
Todos os dias são Estrelas contadas no Céu 
Contadas a mão 
Lápis de cores e mares 
Esborratando o papel

E se a mente florir as aves cantam 
Todos os sons seriam bons de ouvir 
Ao bater as pulsações do coração
Assim em POESIA bate o meu

E todos os dias seriam contados como Estrelas 
Que se suspendem no Céu
Num balançar de magia
E caem em calmaria a clamar as ondas do Mar
Ofegante já me sinto 
De tantas letras desenhar
Vício caindo na mente e no coração
Na alma temente e tremo de Amor

Todos os dias São Estrelas Contadas no Céu 
Deus me controla meu vício já me descontrolou
O Mar serve de cama as ondas já me balançam
A melodia meu ninar na Poesia

Maria Alice Fernandes
 

2015 03 18

DESNORTE

Nós somos, tu e eu, dois sóis ardentes
De fogo iluminados, consumidos,
Em pelejas de amor ledas e quentes,
Explodindo na folia dos sentidos.

De tanto nos acharmos, tão perdidos
Em devaneios mil, beijos frementes,
Por entre gritos cavos e gemidos
Tocamos o universo dos dementes.

Por isso aqui declaro meu amor
Que gosto de te amar com tanto ardor
Como se fosse sempre a vez primeira.
Corações irmanados, ternos laços. 

Que sorte não ter norte nos teus braços
Eternamente arder nesta fogueira.

Aníbal Raposo
2015 03 17

Tantas luas

Deixe-me passarinhar em teu arvoredo
Abrigo seguro banhado de tantas luas
Preciso entregar-te todos os segredos
Desvendar por completo tua alma nua.

Deixe-me compartilhar todos os medos
Dividir contigo da saudades longas ruas
Descartar de vez do amor os arremedos
Receber de ti o amor que nos perpetua.

Deixe-me voar em teus rubros vinhedos 
Buscar em ti carinhos que a dor atenua
Encontrar a serenidade em teu rochedo
Cantar contigo a paz onde a alma flutua.

Deixe-me cirandar feliz em teus folguedos
E assim descartar de vez tristes estátuas
Na claridade de todos os teus aconchegos 
Deixe-me passarinhar em teu arvoredo...

Ana Stoppa
2015 03 16

Antes que a vida se suma

Porque esta vida se esfuma,
Tudo acaba num momento,
Antes que vida se suma
Toma a fé como alimento.

Mesmo que seja um tormento
A tua vida vivida,
Na fé encontras alento
Para mudar tua vida.

Fá-lo de forma assumida,
Com pureza de intenções,
De forma bem discernida
Sem pejo, nem restrições.

Esta efémera passagem
Que é nossa vida na terra,
É como sopro de aragem
Que com a morte se encerra.

Num confronto universal
Onde não sobra ninguém,
Na escuridão, está o mal,
Mas na luz, está o bem!

Abílio Ferradeira de Brito
2015 03 15

TENHO DE IR, AMOR…
Tenho d´ir aonde não fui
ainda que não saiba onde fica ess´ir.
Tenho d´ir à procura do teu amor
tal como emigrante à procura de pão, 
tenho d´ir de mala na mão
à procura do teu sorriso
apesar dos meus passos incertos
tenho d´ir agarrar a tua mão 
puxá-la para os meus olhos como naufrago em aflição
e seguir-te por ondas melhores
antes que me afogue noutros amores
Tenho de ir, amor
tenho d´ir de mala na mão à procura do teu calor 
ainda que não saiba onde fica ess´ir 
tenho d´ir nos meus passos incertos 
como faminto à procura de pão 
com a certeza de que nesse ir e procurar
fica a esperança de encontrar
um novo amor que há-de vir… e ficar
Se me encontrares primeiro
perdido em marés trocadas,
se me encontrares antes do meu afundar
lança-me um sorriso dos teus olhos de esperança
para que nos meus passos incertos de criança
sinta que um novo amor vale a pena procurar
Tenho d´ir, amor, 
tenho d´ir até te encontrar
ainda que não saiba onde me leva esse ir e procurar.
ANGELINO SANTOS SILVA


2015 03 13

Quando ela passa

De passo ligeiro lá vai ela
Com a sua maneira de estar
Todos a esperam na janela 
Esperam para a ver passar

Sempre com um ar jovial 
Passeia a sua graça 
Se todo o dia tem um final
Ele acaba quando ela passa

Amanhã virá outro
Outro dia feito de espera
Sabe por vezes a pouco
Só a ver da minha janela

Um dia vou ter com ela
Vou-lhe até pedir um beijo
Se por acaso ela mo der
Vou a correr contar ao Tejo

Carlos Vaz 
2015 03 12

LETRAS DERRAMADAS

Gosto da simplicidade da vida
que me abraça sem pedir licença
e se faz primavera em qualquer estação.
Preciso encontrar tal aplicativo
que ultrapasse os montes
que além do horizonte, me leve à algum lugar!
Pois me farei letras derramadas
nas mãos do artista,
compostas por notas musicais,
para ouvir canções e melodias
que encante a alma e nada mais.
Basta-me ser os versos de um poema,
a musa do poeta, em seu perfeito louvor,
para que ele me fale dos seus problemas
e me conte lindas histórias de amor.

Ju Loren.
2015 02 11

FRAGMENTOS DE POESIA

Lá fora ruas desertas margeando minha tristeza,
Aqui dentro nenhuma alegria
E pelo chão os sonhos derramados
Não saciam a sede que me consome
Tenho os olhos calejados da busca
E um remorso marcado 
Na página desbotada do velho calendário
Pelo que nunca foi feito,
Mesmo para os que têm a luz
A escuridão é inevitável,
E embora a visão nunca falhe
Se não enxergamos por dentro
De nada vale o que os olhos desenham em nós.
Arrasto um exército de ilusões
Preso ao calcanhar,
E a poeira que deixei para trás
É apenas meus desejos se dissipando
Por onde passei...

JOSÉ BATISTA

2015 03 10


VESTE UM SORRISO

 Nas ruas da cidade floria teu sorriso
Veste de poesia apaixonada
A sua idade não é metade 
É completa 
Cheia de saudades e dores
Teve seus amores.
Sua simplicidade é encanto da alma
Seu choro é aconchego dos abraços
Sua insônia é a paz da escrita
Que satisfaz majestosa.
Respira olhar sereno e os belos segredos
Sou moça que nem mesmo eu sei
Mas nas belas canções 
Inspiram meu sorriso
Que sempre amei.

Jey Lima Valadares

2015 03 08

Da Semelhança à Flor

Vieste
D’uma semente nobre
Sem absintos.

Em prece e oração 
És proferida, mãe
Do Homem, diziam
Teria olhos azuis.

Em lilás 
És guerreira da terra
Às letras letradas, 
Às letras poesia.

Pelo preto, pelo branco
És a força d’uma montanha, 
Sensível borboleta, 
Raio de sol, banho de lua.

Por versos reversos
És diva do divã, 
Musa dos lençóis, 
Das palavras 
Dos silêncios
Do seio alimento, 
Do âmago amor.

Enfim, 
És mulher!

Auber Fioravante Júnior
2015 03 07

HINO À MULHER

Arte doçura e bem amar

Mulher domina e estima

Subtil gere bem o seu lar 

Multifacetada é heroína.

Assumida real sonhadora

Sublime no amor de mãe

Amiga esposa progenitora

É namorada e filha também.

Força viva a perpetuar

Mulher é encantamento

Com sabedoria milenar

Mérito e reconhecimento.

Função exímia no serenar

Amada Divina abençoada

Mestria na arte de apaziguar.

Pelos homens é idolatrada.

Adoça contendas em chama

De empenho e poder dotada

Virtude que seu dote emana
Contrariedades desbrava.
Nunca esquece suas prendas
Suave carinhosa sedutora 
Lindas flores como oferendas
Mulher doce bela encantadora.
Esposa amiga progenitora
Namorada e filha também
Assumida real sonhadora
Sublime no amor de mãe.
Apaixonada amorosa sedutora
Agitada como ondas de marés
Sensual emotiva arrebatadora
Domina o Mundo a seus pés.


Horácio Almeida
2015 03 06
Ser mulher
Ser mulher é ter coração
ser mulher é amar
é sentir, ser mulher,
é dedicar todo o seu eu a outros.
Ser mulher é ser ternura
quando pega seus filhos,
é ter paciência em todos momentos.
É sorrir com vontade de chorar
é amar sempre e muitas vezes
lutar nos caminhos tristes da vida.
Ser mulher é ser guerreira
ser mulher é ser eterna no amor
ser mulher é acreditar no impossível
travar batalhas incríveis
é sentir só muitas vezes rodeada
é ser alguém neste mundo
tão cheio de conceitos
de regras dos homens.
Ser mulher é não ser entendida,
as vezes procurar sem cessar
é ser também lutadora na fé
cuidar do trabalho e da casa
é simplesmente alguém
que precisa ser essencialmente amada
é ser amiga nas jornadas da vida
é muitas vezes ser mais compreensão
que até muitas vezes entendida.
É desejar algo tão simples
como realizar os seus sonhos.
É ter alguém que não a julgue
e simplesmente a AME.

Paula Catana

2015 03 05 

MADALENA

O que dizem os teus olhos de arrependida
Cada centímetro da tua pele mal amada
As esquinas e os becos que te deu a vida
O corpo usado e a alma maltratada

Dizem as tuas mãos de escondidos segredos
Velhos afagos e carícias com dor a remoer
O silêncio da tua boca mordendo medos
De sentidos aguilhoados pela raiva do prazer

As lágrimas enxutas dos pés lavados
Com os cabelos usados em doce perdão
Tens as culpas e os remorsos perdoados

Se ainda continuas pecadora, mas Mulher
A chorar da vida inteira a solidão
Que pode esperar outra qualquer
...
Ana Bárbara de Santo António (musa)
 

2015 03 04
Às vezes sim… às vezes nin…

Certeza de indecisão à espreita
Interrompe a ansiedade vivida
Que cada momento sujeita
Ao espaço de uma espera distraída.

Interlúdio de palavras…
Desassossegam e suspendem
Inquietam e paralisam
Sensibilidades confusas emergem
Dispersam e imobilizam!


Inês Almeida (noka)

2015 03 03

Caminhos

E tenho em mim o sonho e as taças
Os sonhos me enchem os olhos de abismo e de horizonte;
De mim, as taças recepcionam as frustrações
E todas as quimeras que ficaram esparramadas na estrada dormem!

Mas a estrada é o início de uma festa
De onde vem, como semente, dorme;
Para onde vai, agoniza às vezes, mas pulsa
Entre a manhã e o poente: eu caminho!

E no caminho, muitas vezes, estiolado
Eu me refaço
Na mão, a taça, agora vazia, clama
Sorvo seus disfarces
Bebo os seus quereres embriagados
Que estão em chama
Que dormitam dentro dela
Que doem em riso e em riso me chamam
Porque assim caminho e me suporto!

Francisco Leite

2015 03 02

DOR FINGIDA XXXI
Vou seguindo meu caminho espinhoso
carregando no meu peito a dor fingida
que provoca este soneto doloroso
oriundo da falta de ti, querida.
Sigo em frente sem que a dor me dê uma trégua
no mais triste e deprimido dos caminhos
encontrando alguma rosa a cada légua
e a cada passo que dou...cem espinhos.
Mas quem liga para este torpe pranto?
Ninguém ouve as notas tristes deste canto
produzidas pela ausência do teu amor...
Afinal - como bem disse "Seu Pessoa"-
esta minha dor é só uma coisa à toa,
falso grito de um poeta fingidor!

GILSON MARINHO
2015 03 01

Poema de amor

Queria tanto ser poeta, 
escrever-te um poema de amor 
Porque se um dia eu partir 
ou a chama se apagar
Quero que esse poema seja eterno 
e sem dor 
Um lindo poema de amor
Que te faça sorrir e não chorar
Poema eterno,
como a luz do teu olhar
Escrever 
um poema que lembre esta paixão
Antiga como o sol e o vento
Que te encha de alegria o coração
Sem tristeza e solidão
Que me faça ficar em ti 
até ao fim do tempo
Que te lembre esta paixão
E cada palavra seja para ti 
um novo alento
Juntar as palavras 
e escrever um poema 
que fique para sempre no teu peito
amando-te 
de forma intensa mas discreta
e que na noite mais fria e inquieta
dependurasses no rebordo do teu leito
O poema o amor e a lembrança
Do homem feito criança 
Que sempre quis ser poeta

Jorge Raposo Caraça



2015 02 28

POESIA ESQUECIDA
Uma casa escura e fria,
Uma sombra a caminhar,
Percorrendo cada cômodo ela busca sem falar...
Um verso ou uma trova algo que não consegue lembrar...
Falava de amor...
Continuou a procurar, um livro um diário,
Não sabia ao certo o que iria encontrar.
Em cada olhar uma lembrança de algo sabia, mas que queria encontrar.
Uma palavra de conforto,
Um pouco de aconchego...
Estava uma sombra a chorar.
A mesa,
A escrivaninha...
Livros que não podiam se contar...
A casa era sombria
Havia livros que não podiam se contar...
A casa era sombria...
Sombrio era aquele olhar,
Não chorava nem sorria,
Algo no passado mudou aquele olhar.
Passou a mão pelo piano e o que se fez ouvir foi um triste sonar...
Nem alegria nem tristeza e aquele toque a fez lembrar...
A procura era um tormento,
A ausência se fez esquecimento,
Havia esquecido...
Poder e querer o que a fez esquecer?
Era algo para se pensar.
Alguns escritos sobre a velha mesa iluminou a face negra,
Apenas uma lembrança de sua sublime infância,
Lembrança de tempos áureos quando ainda era uma inocente criança...
Ela sorria e seu sorrir era uma linda melodia que até se podia sentir no ar,
Versos de sua mente começaram a voar...
Tempo bom foi aquele em que ainda sabia o que era amar.
Outro comodo,
Outra lembrança e o criado antes mudo começou a falar...
Eu guardo um segredo, mas agora já é hora de revelar,
Pode me abrir é teu o que vais encontrar.
Eram páginas de uma vida e um mar começou a brotar em seu olhar...
Era a poesia que um dia se fez em seu pensar,
Poesia esquecida que hoje a fez lembrar...
Hoje não sou carne,
Hoje não sou verme,
Hoje não sou homem,
Hoje não sou mulher....
A vida é tão breve,
Somente hoje recordei-me de que um dia eu soube o que era amar.
Parei em frente a moldura a parte dura consegui tocar...
Hoje sou poesia,
Um velho poeta veio me contar,
Me sorriu alguns versos e com poucas palavras me fez flutuar.
Hoje sou o balé da alma
Um poeta a poetar.
Infindo era o meu pesar,
E meu lamento não queria cessar,
O pranto era uma orquestra
E cada gota um dedilhar...
Hoje sou a poesia
Um dia esquecida e que hoje se fez lembrar
Que na vida tudo tem seu tempo e que o amor foi criado para algo mais do que recordar.

ELIZANGELA MONTEIRO


2015 02 26
NÃO HÁ TEMPO, HÁ MOMENTO
Não liguemos ao tempo que passa,
Mais importante o actual momento,
O tempo consome-se, deita-se fora,
O momento é usado a toda a hora.
Não há tempo, há apenas momento,
O tempo envelheceu, pouco se liga,
O momento é jovem, dá-nos alegria,
O tempo é um permanente tormento.
Vou pedir ao tempo que me liberte
Para eu poder viver os momentos
Bons que me restam na minha vida,
Quero aproveitar os dias de magia.
O tempo que passou é para recordar,
Ficou para trás, não se deve valorizar,
O que mais conta são os momentos
Que agora vivemos sem tormentos.
Vou dar um beijo de despedida ao tempo,
E um abraço pra agradecer o que me deu,
O tempo deixou de contar, é o dia a dia
Que se vive intensamente neste momento.
Ruy Serrano
2015 02 25
MAR REVOLTO, MAR DOCE

Sempre que te contemplo, mar
Desejo com tuas ondas brincar
E, nelas mergulhar
Sempre que a praia, vêm beijar
Gosto de deixar passar o tempo
E, permanecer a olhar as gaivotas
Voo com elas ao sabor do vento
Só a ti te vejo, só tu me importas
Ao olhar-te demoradamente
Sinto um fascínio profundo
tudo me parece bem diferente
Como se fosses o meu mundo
Vejo os teus tons coloridos
Vermelho, verde, e azul
E, os meus olhos sentem-se perdidos
Sem saber se olhar a norte ou a sul
Por estas razões de ti me enamorei
E, resolvi mergulhar nesse teu ondular
Chamo por ti, e trato-te como um rei
Mar revolto, mar doce; vou-te chamar

Luís Filipe D. Figueiredo

2015 02 24
 
Último voo

Morre o voo da gaivota na garganta do vento,
Desfalece, repousando nesse azul, céu e mar.
Ainda se lhe levanta o olhar branco, ao pescador,
Mas o barco passa e passa o tempo, também.
Ainda há tempo para anunciar as cores do mastro;
Acariciar os peixes que a força da fome já não engole;
Regressar a terra e sobrevoar os telhados e as ruas,
Pousar de mansinho na areia e partir. Último voo.
Ainda há um sopro de vontade no ninho da falésia,
Mas seu ninho é também horizonte, outro mar,
Outro desfiladeiro, onde a luz se ergue no apagar 
Lento da memória, e o corpo é transe e brisa leve.
Ficam as cores dos telhados, das fachadas das casas 
Da roupa estendida, dos verdes campos, dos frutos…
Da terra molhada…e no cair das asas sobre o mar…
Eis que há sangue no engolir da espuma branca.
Maria dos Santos Alves
2015 02 23

A DESPEDIDA

Assim como é grande 
A minha tristeza
E a sua alegria 
Desmanchando a mesa
Eu aqui sentado
Invejo e penso...
Foi tudo um sonho
Sonhado ...tão lindo!!

Nem quero lembrar 
Passado é passado
Foi só maravilha
Enquanto durou 
Eu já nem me lembro 
Nós dois entre beijos
Ardentes desejos
Que o tempo levou.

Agora eu vejo 
Você nesse estado
Assim, ao meu lado
Distante...distante
Que sonho acordado
Estante...estante!
De livros jogados 
Que o tempo acabou.

Não quero chorar
Receio... receio
Pedir pra ficar...
Não veio...não veio 
Palavras ao vento
Nem há despedida
Ta tudo acabado
Sai devagarinho
Valeu...Obrigado!!

Geraldo Aguiar
2015 02 22

SER POETA

Ser poeta é tecer versos 
Com vontade
Poeta não escreve apenas 
Infelicidades
Sofrimentos 
Tristezas
Desamores
Poeta reescreve verdades
Momentos eternizados
Felicidades
Amores da alma
Histórias de vida
Com coragem.
Poeta não é louco
Nem alienado
É bravo guerreiro
Sonhador
Escritor da realidade
Tecelão de palavras
Verdadeiro conhecedor da vida
Histórias que fluem do âmago.
Ser poeta é ter um dom
Que toca o coração 
E que sabe expressar sentimentos 
Com estilo
Que retrata experiência comum a todos
Com beleza e harmonia
Mensagens reflexivas
Reescrevendo vivências de mundo 
Com confiança.
Ser poeta é ter a felicidade
De saber escrever 
Com arte!

Elisabete Leite 
2015 02 21

O CAIS DA NOSSA ESPERANÇA

A vida passa a correr
E mesmo sem querer
Lá vamos embarcando nela,
O cais é a nossa esperança
Onde carregamos a lembrança
Desta nossa barca há vela.
Por entre vales e colinas
Por entre nuvens e neblinas
Lá vamos caminhando,
Subindo vales e montes
Avistando horizontes
Que um dia fomos sonhando.
Mas como a vida continua
No velho circulo da lua
No seu vai e vem melancólico,
Vai nos levando a idade
No barco da saudade
Como o vício do alcoólico.
Saudade da tenra idade
Onde pensamos que a liberdade
É fácil de alcançar,
Mas a vida vai-nos ensinando
Que quanto mais velhos vamos ficando
É que começamos a contar.
Contando os dias e as horas
As doenças e as melhoras
Das contas do nosso Rosário,
Porque se ela passa a correr
Já pouco interessa saber
Se nela andamos ao contrário.
Resta-nos a vida viver
O melhor que puder ser
Amando e deixando-se amar,
Sendo sinceros e diretos
Humildes e discretos
E dar a mão a quem dela precisar...

José Duarte Soares.

2015 02 20

UM SER EM CONSTRUÇÃO...

Hoje eu preciso ME dizer que a vida é curta demais pra ficar olhando o vento passar pela janela...
Hoje eu preciso ME dizer que nunca fui dona da verdade mas, creio naquilo em que acredito...
Hoje eu preciso ME dizer que o sol queima a pele e a indiferença queima a alma
Hoje eu preciso ME dizer que tenho mais defeitos que qualidades e uma boa dose de coragem para assumi-los
Hoje eu preciso ME dizer que os sonhos cansam de procurar estrelas quando o inverno é longo demais
Hoje eu preciso ME dizer que a minha loucura salva a minha sanidade
Que o meu palco não tem cortinas!
Que a minha fé não tem fronteiras!
Que a minha verdade não tem limites!
E que a minha dor nem sempre corta...
Hoje eu preciso ME dizer não vou aprender conviver com a hipocrisia e sei o preço disso!
Preciso ME dizer que sou pétala mas, que a REALIDADE nos impõe a ser pedra em algumas circunstâncias...
Preciso me dizer que assumo textualmente minhas negações, minhas afirmações, meu talvez...
Preciso dizer que aprendi a amar
Aprendi a perder o que não tive
Aprendi fechar os olhos e também aprendi fechar os punhos
Preciso gritar por liberdade de mim mesma, porquê só e tão somente eu me acorrento!!
Preciso ME dizer que NADA DISSE
Por está sempre em construção de meu próprio SER...

Tereza Maria Carneiro


2015 02 19

Cicatrizes

Escancaro portas e janelas...
Que entre um vento bem forte
E que renove meus sentidos
Meus sentimentos sofridos
E leve os fantasmas medonhos
Que me reviram a alma
Que me furtam a calma
E me acinzentam os sonhos
Então traga das distâncias
Os encantos e lembranças
As ilusões da minha infância
Quando o mundo era pequeno
E eu um menino sereno
Cheio de graça e de vida
Mas não dessa vida sem graça
Que nem o tempo que passa
Cicatriza as minhas feridas

Artur Macedo

2015 02 17


MAR POETA

Deslumbra-me,
No mar ardente
De duas almas que dançam desesperadamente
Uma melodia eterna e sagrada!
Contempla-me,
No mar infinito
Dos teus olhos plenos de voo
E que me prendem ao sonho!
Interroga-me,
No mar confuso
Das metáforas de quem julga
Acreditar que trazes a pontuação dos dias!
Reveste-me,
No mar docemente contente
Repleto de notas musicais
Que se transforma numa pauta ansiosa
Por se tornar intensa e imensa sinfonia!
Sim!
Rende-me,
Prende-me,
Sorri-me,
Dança-me,
Voa-me,
Toca-me,
AMA-ME.
Com esse mar pleno e sereno
Que trazes na alma
Fonte inesgotável e imprevisível de AMOR
Que hoje, aqui e agora
Se fez pura e azul poesia!
Marta Limbado 
2015 02 16 
Abraço do Tempo
Todos os dias choro...
um velhinho abordou-me
perguntou-me porque chorava,
Olhei para ele e não respondi
disse-me que sabia o porquê.
e se eu sabia quem ele era
olhei para ele e disse que não
que nunca o tinha visto.
Disse estou sempre a teu lado 
que sempre me acompanhava
desde o dia em que nasci,
todos os dias me via a crescer,
sabia tudo de mim desde sempre 
e sabia porque chorava.
O que muito me intrigou…
Olhei para ver se o reconhecia
nunca me tinha cruzado com ele
era velhinho grande e simpático
e sorri com compaixão,
estava disposta ajudá-lo 
já que sabia tanto de mim, 
talvez fosse amigo da minha família.
Perguntei se precisava de ajuda?
Disse que não, 
que eu é que precisava 
por isso chorava.
Abraçou-me soube-me bem o abraço
embora receosa deixei-me ficar.
Segredou-me ao ouvido
tens que dar tempo ao tempo
tudo tem um tempo certo na vida.
O vento apareceu e o velhinho desapareceu.
Fiquei a pensar…o Velhinho era o Tempo…

Maria Lúcia Saraiva
2015 02 15

O Amor está no Ar!

Hoje dia de São Valentim
há tanta poesia no ar que respiro,
há tanta suavidade no olhar da gente.
Arde no lar o fogo do Amor
que crepita bem dentro do peito

Carícias, cartões e rosas
inspiram ternura na paisagem,
solenizam num intimo momento
a veracidade do cálido sentir.

Ai... como é belo o AMOR
e todas as delicadas emoções
que em minh'alma afloram.
Penso-te, sorrindo... e,
com o coração nas mãos
perfumado de mar e de campo,
verso e poesia
sorvo a pureza do teu infinito olhar.

Hoje, o AMOR está no ar!
Porém, invade-me uma incerteza:
será que tanta demonstração de afecto
é puro fingimento, ou é real?

Talvez, hoje,
a dor se mascare de felicidade.
Talvez, hoje,
quem desconhece a beleza do amor
sinta na falsidade de fugazes momentos
o toque imprevisível do autêntico amor.

Talvez, ...

Eu sou essência que ama perdidamente,
entrego-me totalmente sem enganos.
Não sei fingir o amor, nem poderia,
porque o amor é a razão do meu viver.

Sofia Valadares

( Amem hoje.
Continuem a Amar amanhã.
Amem ... SEMPRE!!! )

Sofia Valadares


2015 02 14
SEGREDO

És a alma gêmea que não foi
És o despertar que não conheço
És o tilintar nas veias debilitadas
O palpitar comedido do meu coração
És o colibri a sugar o néctar que ainda resta em minha face
O despertar de uma paixão sonolenta
És o perfume que me apraz que me anima 
Talvez o doce dormir e o suave acordar
És a perspectiva pintada em meu cérebro
Na hora do sonho do meu dormitar
És tudo
Luzente e reluzente
És o riso do meu pranto
A neve do meu olhar
O sabor desta saudade.

Raimundo Nonato Lopes
2015 02 13


SOU UM LIVRO ABERTO
Sou diários infindáveis de leitura, sou um livro aberto no tempo
e vontade, sou a consciência do querer saber e ver, sou tudo, 
que outros me fazem entender, descrevo na poesia ao prosa,
todo o meu conhecer, onde minha alma possa viver, sou livro
aberto, na essência do meu nascer.
Sou o embrenhar das palavras contidas e sentidas, sou o relógio
que não pára, sou a estrela que brilha, sou livro aberto no tempo,
sou o sentimento belo e puro... no delinear de minha poesia, sou
tudo aquilo que queria, sou o vento e a chuva, sou o rosto cansado
das horas, sou as mãos que agarram a saudade, sou o poeta, na
palavra verdade, sou livro aberto, na essência divina da sabedoria,
na construção da pura vida, sou o silêncio que me domina, as lágrimas
derramadas, sou a noite sombria, sou o gritar da poesia, sou um livro
aberto, para quem me ler, sou o poeta como entender, agarro a vida,
nem sempre no prazer, pois minha vida tenho levado no meu escrever, 
sou a montanha, vales e rios... Que correm sem direcção, sou poeta
pois então!!! Quer queiram ao não.
CARLOS JOSÉ FERREIRA
2015 02 12

COISAS DA VIDA

Por tudo quanto me deu
A minha vida vivida,
Eu sinto que sou mais eu
E mais vida a minha vida.

Os anos que sucederam
Aos muitos anos passados,
Foram sempre eles que deram
Nobres formas ao meu fado.

Esta nau da minha vida
Muita borrasca enfrentou,
Mas nunca esteve perdida,
A bom-porto me levou.

Encalhou sem ir ao fundo
Naveguei na praia-mar,
Sem nunca temer o mundo
Outros mundos, quis achar!

E quando a vela maior
Se quebrou em mil bocados,
Com braços de lutador
Recriei sonhos alados.

Abílio Ferradeira de Brito

2015 02 11
Ser-te o beijo em flor
Quisera eu ser-te o remanso,
a flor de linho em tua paisagem
ser-te na boca a flor do beijo
sem ser sonho nem miragem
Ser-te o beijo em flor
em tua boca de aventura
sorver-te com desejo
e arrancar-te essa amargura
lavrar todo o teu rosto
de rosas embriagadas
Ser-te a seda da pele
em vontades desfolhadas
E nesse beijo de flor
impresso todo o meu amor
num sentir aveludado
jardim nosso devorado
Emília Pedreiro
2015 02 10

Palavra de Rainha!

Queridos leitores e amigos
queria tanto aqui passar
mais uma noite com vocês,
mais uma noite a versejar.

Procurar sentido nas palavras
tentar faze-las rimar
ou procurar a alegria
nas ondulações do mar.

Queria perder-me nas letras
Contemplar o horizonte,
subir penedos, saltar montes
e ver a beleza das flores.

Mas como posso fazer isso
se o tempo é limitado?
A sobrevivência impera
neste mundo desajeitado.


Em vez de sonhar,
passo a vida a contar
os cêntimos da minha carteira.

E sonho apenas em um dia
não precisar
de tão chata brincadeira.

Mas como muitos dizem
a esperança nunca morre.
Um dia hei-de conseguir
apanhar a água que corre.

As ondas,
deixa-las-ei para trás.
E conquistarei o mundo.
E num suspiro profundo
esquecerei as coisas más,
aquelas que me puxam para o fundo.

Sorrirei!
Palavra de Rainha.
E abraçarei a escrita
por alma minha.

Jovita Capitão

2015 02 09 
A ARTE DO SONETO

Se por mero acaso eu algum dia,
Soubesse um pensamento descrever,
Metaforicamente em poesia
E rimas musicais a condizer :

Havia de incutir essa magia,
Que nos embala e faz estremecer,
Pelos sons e beleza que irradia,
Nos corações de quem nos queira ler…

Havia de fazê-lo num soneto,
Essa composição dita rainha,
Por ser mais exigente se correcto!

E havia de senti-la como minha,
Essa arte, meu sonho predilecto,
Que já no sentimento se adivinha!...

José Manuel Cabrita Neves

2015 02 08


POETAR NO AMAR

Não é descrever versos
E nem buscar no anonimato,
O estrelato de o ser conhecido;
Poeta é o que escreve com o coração,
Com a alma,
Situações que emanam das entranhas da alma,
Levando a ti
O amor como meio de união
Entre seres que buscam a paz,
Amarem-se sem fim;
Constituírem família;
Terem prole
E viverem para todo o sempre,
Nas alegrias diárias
De um amar o outro,
Não interessando o momento
Ou situação,
Onde o amar impere sempre
No verdadeiro e puro amor
Que desemboca na pureza do amar,
No ato singelo de ter a ti
Como companheira,
Amiga,
Amante,
Fiel escudeira,
Em que o amor o seja a tônica
De uma vida dirigida só a ti
Oh minha doce
E querida amada,
De meu viver
E de minha vida,
Só no pensar em ti,
Onde a terei novamente
Como a rainha
E eterna sereia de meu coração
E o doce pensar em ser só teu,
No amar te amando,
Pois o amor é infinito
E o amar é absoluto,
Quando o amor é puro,
Sincero,
Só no recordar o quanto te amo.

Miguel Moojen


2015 02 07
Jardim do Amor

O jardim do amor
Estava seco e sem cor
Já não havia o perfume das flores
Jazia escuro, sem lume, sem vida
Não havia mais borboletas
Voando de flor em flor
Foi o amor que o abandonou
Sem cuidados, sem carinhos
Tudo secou
A tristeza chegou e ali fez morada
Não havia mais o canto dos pássaros
Se foram, atrás do amor
A poeira do tempo, tudo cobriu
A solidão fez-se companheira da tristeza
E o jardim mais triste se tornou
Mas eis que um dia, um jardineiro
Por ali passou
Olhou para o pobre jardim
E seu coração com ternura cantou
Soprou a poeira, lhe deu cuidados e carinho
Cantou para o jardim e chorou de amor
Ao sentir-se tão amado
O jardim desabrochou, em flores lindas e perfumadas
Os pássaros voltaram e cantaram lindas sinfonias
As borboletas voavam, pareciam dançar de alegria
E o jardim do Amor renasceu, muito mais belo
Por quanto tempo? Então se perguntou
Mas depois pensou, "Não importa, o hoje é o agora
Espero o amor do amanhã e o ontem foi-se embora"... 

Marize Rodrigues Ukwakusima.

2015 02 06 

O MEU HERÓI

Mote
Com coragem desmedida
Muita terra semeou
Voltou a sorrir pra vida
Seus filhos bem educou 

I
O seu dia começava
Ao romper da alvorada
Às quatro da madrugada
O dever por si chamava
O trabalho o esperava
Não tinha outra saída
Para sustento da vida
Agricultor de profissão
De enorme coração
Com coragem desmedida

II
A terra que produzia
Com o arado era lavrada
Ou cavada com enxada
Mato nela não havia
Mesmo a terra bravia
O silvado não vingou
Com seu braço lançou
Semente á terra dura
Mestre na agricultura
Muita terra semeou

III
Na Chuva ao frio ao calor
Sujeito ao rigor do tempo
Surgiu o contratempo
Debilitado com dor
Criou força por amor
A esperança foi mantida
A doença foi vencida
Á luz da sua esperança
Seis filhos inda criança
Voltou a sorrir prá vida

IV
Cumprido o destino seu
Partiu prá eternidade 
Sua alma de bondade
Estará no reino do Céu
A luz divina mereceu
Pelo bem que semeou
Do seu coração brotou
O amor que repartiu
Com sua coragem e brio 
Seus filhos bem educou

Adelaide Simões Rosa

2015 06 05
SOMOS ARCAS,SOMOS BARCAS
Somos arcas
somos barcas
a vogar no pensamento.
Panos guardados cá dentro
e frutos de muitos anos
esfiapados pelo tempo.,
Outros bordados a cruz
são eles os nossos panos,
o leme que nos conduz.
Alguns a luzir de novos
rendilhados pela luz
naquela arca que freme.
Nesses panos uma vida
Foram velas foram naus
foram paus e os mil povos
e venenos de lacraus,
em tristes barcas perdidas
pilotadas por mais novos.
Foram bandeiras de esperança
e panos de desenganos
os farrapos de uma vida
de outros anos, outra idade
e todos estão nesta arca
desde a tenra mocidade
e quanto mais caminhamos
com mais peso, mais batalhas 
segue a barca neste mar 
neste mar onde nós estamos
por não haver igualdade
nem a terra prometida
ser o chão de nosso mar
mas tão só poídos panos
de vidas mal cerzidas
traçadas pela maldade,
mortalhas de mil enganos
em tantas barcas perdidas.
António Aboim Sales.

2015 02 04

HORA DE JUNTAR OS CACOS
Fraca e cansada
Como ser humano que sou
Pela pouca sorte bafejado
Mas de lutar nunca parou
Um amanhecer solarengo
Um vento que se aquietou
Com o peito ainda doendo
Mas a tempestade já passou
Voltou o pássaro que canta
O pobre mais parece que pia
Mas a vontade de voar é tanta
Mais parece que rodopia
É hora de juntar os cacos
Os restos que a tempestade deixou
Por vezes sentimo-nos fracos
Mas o mundo não acabou
Rosa Ferreira
2015 02 03
Seiscentos anos te contemplam, Ceuta 1415 – 2015
Lá do alto da tua história
Seiscentos anos te contemplam
Amplos voos e nova glória
Te esperam e te acalentam.
Tu és cidade e és magia
Com qualidade e fermento 
Urgem espadas e ousadia
E velas ao sabor do vento.
Nasceste jovem sonhadora,
Vigília de esporas douradas
Qual cavaleiro, na hora
Das eternas madrugadas…
Cresceste de sonho modelo
Em maré louca e discreta
Com bravura e com desvelo
Abre os teus olhos, ó Ceuta.
Tanta terra e tanto mar,
Aventuras e decisões,
Alma aberta de par em par 
Pra dar luz às gerações.
Portugal das sete partidas
E de horizontes alargados
Carece reforçar as vidas
Com teus feitos encantados!


Frassino Machado


2015 02 02
DIZ-ME A MIM
Diz-me porque hoje beijaste?
Este meu corpo velho e frágil
O que em jovem encontraste
Morto de amor, sedutor e ágil
Diz-me em segredo só a mim
Porque me beijas agora aqui
Em que perfumo com jasmim
Um poema que escrevi para ti
Diz-me e não me faças sofrer
Preciso entender a tua atitude
Porque brindaste hoje meu ser
Com beijos com divina virtude
Diz-me porque tu me beijaste?
Com enfâse genuíno de prazer
Se algo em mim agora notaste
Que eu não consegui esconder
Diz-me porque hoje me beijas?
Agora que eu estou de partida
A razão porque tu me desejas
Agora que foge de mim a vida
Diz-me que hoje desejo saber
A receita do teu beijo delicado
Que me tenta com ele prender
A este mundo desumanizado
Joaquim Jorge de Oliveira
2015 02 01
Manhã
A manhã acordou lavada,
As estrelas limparam a manhã…
Cedo a entregam ao Sol
Para que a torne brilhante e airosa!
Breve virá a aurora
Na madrugada as estrelas cochicham entre si
Falam da terra
que passa o dia ao Sol
que a queima,
que faz arder os campos sem amor...
E porquê?
E roda.
E gira...
Será a terra vaidosa?
Que seria dela
sem os rios e os mares que dão de beber às rosas
E na noite, na madrugada
enche -se a terra de lua
e roda e roda por tudo e nada
como se a vida fosse só sua!
Será a terra vaidosa?
...Estremece por vezes,
abre-se voraz num despudor...
E gira e roda não para,
roda inteira e sozinha!
A terra carrega a história –
segreda um Estrela menina!
Por isso se esconde
e se zanga
e chora...
...por isso a terra demora
e a semente na terra
repousa e germina
Estende-se a terra
cheia de uvas na vindima
e na seara prenha de pão
A terra não é vaidosa não!
- diz a estrela pequenina -
...é a mãe dos seres que nela estão,...
roda e gira peregrina
guardando a morte,
alimentando a vida!
É o seu destino, a sua sorte,
é a terra prometida...

Margarida Cimbolini.

2015 01 31
Solar
 Sentada no vazio
Verde me rodeia
Azul me cobre
Marrom me tingi
Há barulho no silêncio
Um farfalhar constante
Uma conversa "passaral"
A luz cortando o vento
Não há palavras na minha boca
Nem dedos pra se tocar
Estou pendendo no abismo
Na inconsciência
Consciente
Na teimosia reprimida
Na lembrança remoída
Estou nadando no infinito
Há tantas ondas sobre mim
Um repuxo de nós
Uma ressaca de mim
Lá se vai o calor
Escondendo-se
Até o dia acabar
Tentei pensar em alguma coisa
Mas o pensamento era vazio
Estou caindo
Pra fora de mim
Pra dentro solar
"Sei não
Se eu 'existi'
Mais tarde
Eu vou até o dia clarear
2015 01 30

Eu precisava Esquecer

Eu precisava esquecer hoje
Das coisas que quis e não deram certo
Das coisas certas que nunca quis
Das cicatrizes que ainda me seduzem
Das marcas que oculto e o espelho me mostra
Eu precisava esquecer hoje
Do que valia a pena e não tenho mais
Do que nunca nada valeu e ainda possuo
Dos falsificados prazeres que legitimei
Dos incontestáveis sentimentos que ignorei 
Eu precisava esquecer hoje
Daqueles tempos que me reduziram
Daqueles tempos que ligeiros me deixaram
Daquelas idas que não precisavam ir
Daquelas voltas juramentadas que não vieram
Eu precisava esquecer hoje
Esta ânsia que não me revela suas intenções
Esta necessidade tocante de me reter ansioso
Estes cacos de suvenires de todos os meus pedaços
Estes aromas visíveis que de tão dispersos me impregnaram
Eu precisava esquecer de tanto...Só por hoje

Yrto Mourão
2015 01 29
Sem olhar para trás

Vou partir agora
espera lá por mim
chego à mesma hora
na hora certa que há em ti

Estarei no sítio do costume
onde um dia me acostumei
levo um pouco do meu lume
e outro tanto que nem sei

Levo vontade que não é pouca
levo no pouco tudo o que tenho
levo o olhar da tua boca
onde me perco e mantenho

Estou mesmo a chegar
já disseram o nome da estacão
cantinho do luar
perto do teu coração

Vou sair a seguir
já a saudade me aperta
desta estação não posso fugir
tem a alma do poeta

Já sinto o teu sabor
que tanta vida me dá
é no frio o meu calor
estou a chegar diz-me olá

Já levo os braços abertos
pronto para abraçar o mundo
conta com eles que são certos
para afagar o teu fundo

Em qualquer parte te encontraria
sabes bem do que sou capaz
oferecia-te a noite e o dia
sem nunca olhar para trás

Carlos Vaz 29.01.2015
2015 01 28
Versos do mar e vento
Invadem meu pensar
Trazeis ao meu olhar
O poema ao pensamento…!

Penetrais o tormento
Do desejo de os gritar…
Meus versos a declamar
Com ardor e sentimento…!

Oh mar, salgado mar
O teu verso me vem falar
Em ondas… o batimento…

Do meu coração a suspirar
O que o vento leva a uivar
A saudade e o sofrimento…!

M. Nunes
2015 01 27

NECESSITO RESPIRAR
Necessito respirar
E, sentir o coração bater
Necessito de voar
Para sentir-me a viver
Necessito do teu odor 
Como do perfume duma rosa 
Necessito do sabor
Dessa tua boca gostosa
Necessito possuir 
Esse teu corpo venusto 
Para que possas sentir
O quanto de ti gosto
Necessito de sorrir 
E, beijar o teu corpo adusto


Luís Filipe D. Figueiredo
2015 01 26

Hipnose

Quando ela passa pela minha rua
Me hipnotizando com feitiço e luz,
Minha inspiração quase sempre nua
Se veste de algo que ninguém traduz!

Meus olhos pousam na paisagem sua,
O seu corpo me anima e me seduz...
Inevitável febre se acentua
E ao desvario logo me conduz!

Febre de amor que me esbraseia o peito!
Impulso forte quem não tem idêntico?
Enfim, um sentimento deste jeito?...

Quando, adiante, ela dobra a esquina,
Fica o formato do seu porte autêntico
A bailar ainda em minha retina!...

(R.M. Cardoso)


2015 01 25

Sou pássaro livre!!!
Quando levanto minha cabeça
e fito meus olhos na dinâmica dos pássaros
me vejo nas batidas de suas asas
no canto eloquente de cada um
na organização com a qual ajudam
mutualmente seu grupo sem acepção
na alegria de estar livre para voar.
Sei que sou meio mulher meio pássaro
pássaro que sabe bem onde repousar
conhece o perigo da noite
e o momento de se agasalhar
pássaro por vezes alegre
outras vezes triste...
mas nunca desiste de bater asas e voar.
Não adianta, de forma alguma
tentarem me acorrentar
com a força dum poderoso gigante 
poderei facilmente me libertar
vivendo com alegria e paz refrigerada
coração batendo com tranquilidade e calma
verei a vitória surgir para alegrar minh'alma.
Não adianta me acorrentar!!!
Não! Não adianta...


Fabiane Paranhos
2015 01 24
E É A VIDA!

É uma porta aberta que entretanto se fecha,
É um ano a findar e outro a recomeçar,
E são amores a morrer e outros a renascer,
E é uma nuvem que passou e outra que se esfumou,
E é um dia brilhante que morre num instante,
E é a água que ondula no mar que à praia vai parar,
E o rio com água a cantar que termina no mar a beijar,
E é o sol a cintilar que o teu corpo vai abraçar,
É gente sempre a correr como se algo fosse perder,
E é fonte hoje a nascer e tanta gente a morrer,
É povo ainda a matar para não se deixar morrer,
E é a ingratidão a surgir, quando o homem deveria sorrir,
E é neste vai e vem que tudo acontece e que tudo perece,
E é a chorar ou a sorrir que todos temos que partir,
E a vida chora a morrer e tudo se renova no renascer,
E é na renovação que nos é mostrada a reencarnação,
E é a injustiça, a ingratidão, o egoísmo, o terrorismo e a mal formação,
E é o ódio, a inveja até mesmo a maldade que eu não veja,
Que destroem todo o bom e o mau coração sem qualquer perdão,
E é a vida a morrer e incessantemente a renascer,
E é numa vida de Amor que todos queremos viver…

Clara Paulo

2015 01 23

" O NEGRUME DO SOL !!!..."

Olho o Céu ...
Lá bem alto ..muito alto ...
Brilha o Sol !!!...
Inundando a terra inteira ,
Dando-lhe cor e vida !!!...
Os seus raios dourados ,
Espalham calor pelos corpos ;
Pelas almas frias....doridas...
Abandonadas...esquecidas ...
Que na terra vegetam ;
Sem luz ...sem norte ...
Esperando a morte !!!...
Olho o Céu ...
Lá bem alto ...muito alto ...
Para além do dourado...do azul;
Está o mistério..o infinito ...
O desconhecido !!!....
Algo para viver o não vivido ...
Num espaço sideral ...infinito...
Talvez perdido ;
De existência real ...ou mito !!!...
Pensamento sombrio ;
Num dia frio ...
Perturbado ...cansado ...
Vazio !!!...


António Joaquim Alves Cláudio
2015 01 22
Solidão na Cidade
Há solidão nas ruas cheias,
Desilusão em muitos rostos,
E pessoas que são alheias
A quem carrega desgostos.
Pela cidade toda iluminada,
Com as montras a chamar,
Ofende quem não tem nada
Nem um coração para amar.
São os silêncios de tristeza,
Alguns sorrisos de ocasião,
Vestes escondem pobreza
Pessoas vivem em solidão.
Falta amor e solidariedade,
No coração do ser humano,
Muitas pessoas na cidade
Vivem tristeza, desengano.
Sozinhos entre tanta gente,
Abandonados em seu ser,
Muita dor e tristeza sente
Quem teima em assim viver.

LuVito.

2015 01 21

Arco-íris
Entraste devagarinho
sem ninguém te ouvir
qual folha de outono
que cai de mansinho.
- Despi-te com o meu olhar!
Sentaste-te a meu lado,
tua mão me puxou
entre um beijo sem pudor.
- Retivemo-nos no olhar!
Levantaste-te como linho,
soltando a túnica de seda branca
rendilhada de flores.
Estavas firme no caminho.
- Fulminaste o meu olhar!
Segui-te, azoeirado,
num aperto de paixão.
Ajoelharam-se os corpos
unidos pelo istmo de
sangue e húmus que corria
erguendo-se em oração.
- Arco-íris do olhar!

© Acácio Costa
2015 01 20


Os moliceiros têm velas

renasço quando sonho
vieram por todos os caminhos
líquidos da memória
voavam no amanhecer do tempo
no mais fundo da memória
abracei-os como se irmãos
perdidos há muito 
em terra minha deixada
renasço quando os sonho

antónio josé cravo

2015 01 19

Saudades de quem não volta mais

Saudades de quem não volta mais
Tem, quem amou, e não esquece
Sofre em silêncio, padece
Espólio que deixa sinais

Mágoas da separação
De paixões, sempre presentes
Sempre perto, mas ausentes
Vão sangrando o coração

São dores que ficam, não passam
Que destroçam e desgraçam
Muitas vidas, ainda em flor

As saudades nunca morrem
E por vezes se socorrem
Das lembranças desse amor

Augusto Molarinho de Andrade

2015 01 18

 UTOPIA

Finjo não perceber o que ouço,
Faço de conta que já escrevi o meu fado,
Invento o que há por inventar,
Mas não consigo dissecar o verbo Amar.
Lá longe há quem eu quero.
Perto mora a saudade de um mundo bonito
De um grito de verdade.
A ferida assola, faz doer.
A máscara está desnudada
Mas a verdade parada, estagnada.
Sei que Sophias não voltarão
Que Pessoa está desencantado
Com este mundo 
Com este Fado.
Se Aquilino vivesse, o que diria
Qual seria a mestria da escrita que faria?!
Falar do bem
Falar do mal
Do que vale?!
O mundo perdeu o Norte,
A Vida perdeu a seiva.
Da aurora por esquentar
E do brilho por consumar.
A Vida hoje é um MAR de contornos indefinidos!


Luísa Ramos

2015 11 17

CONTIGO

Este estar aqui ao teu lado entre flores
entretecidas nas nossas mãos como coroas
é um privilégio do amor cheio de cores
assim contigo nos meus braços voas.

Esta cor cinza da tarde uma lágrima de chuva
que nos baptiza a boca de beijos
e nos nossos olhos passa a voz ajusta-se a luva
onde despidos e macios tocamos os veios.

Como uma concha me abro e dou-te
a vertigem da viagem e um dote 
e contigo me elevo nas nuvens.

És um ser meigo imenso e inteiro 
e contigo fico doce meu amor verdadeiro
a pairar no espaço por onde vens. 

Cassandra Alpoim 
 

 
2015 01 16

Liberdade para as estrelas
Sabe aquela estrela linda de brilho
sem igual, que sonhamos em tê-la.
E o que queremos para nós?
Eu a tenho agora e é minha.
Mas será certo manter
uma coisa maravilhosa aprisionada?
Pergunta a minha razão!...
E o coração sempre generoso,
mas mutante responde:
fica para você, pois é sua, de direito.
Penso que é estranho,
pois é a favor da liberdade,
e agora tornou-se um egoísta.
Mas não é o coração,
que está assim. Sou eu.
Pois cansada, de abrir mão de tudo,
pela felicidade alheia.
Por isso, não é a estrela,
que está presa.
Simplesmente eu estou aprisionada,
nessa linda estrela,
pois com medo de não ter o teu brilho,
me agarro a ela,
e esqueço, que tenho brilho igual
ou maior, e que, por não querer
ofuscar o brilho de outrem,
me escondo e uso o brilho
dessa linda estrela.
Mas já tenho a solução.
Deixarei a estrela livre,
para que todos possam
desfrutar da sua grandeza.

...És livre... brilhemos
...estrela amada,
pois farei o mesmo.
Enilda Teixeira Góes 
2015 01 15

Indiferença

Já não são para ti 
Os meus versos,
Não poderias me ler,
Não falo mais a tua língua.

Se para ti tentasse eu compor,
Não haveria mais rima,
Seriam palavras sem alma.
Vazias e não diriam nada.

Não conheço mais o teu país,
Perdi os mapas, o roteiro.
Não me interessa percorrê-lo,
Antes, eu tenho o mundo inteiro.

As brisas não me levam ao teu mar,
Não quero mais os teus ventos loucos,
Prefiro a brisa mansa e suave,
Que hoje me faz navegar.

Não tomes o meu negar
Como sinal de ódio, ou tristeza.
É apenas indiferença,
Não deve haver estranheza.

Coisas da vida...
Acontece a qualquer um...

A música que perde o tom,
O poema que perde a rima,
A dança que perde o ritmo,
O amor que se perdeu em si.

Então, não tente entender
Meu verso,
É tão só meu,
Meu universo.

O resto, o tempo levou,
O vento já dissipou,
Perdeu-se nas vagas da dor,
Que um dia a ti me encaminhou.

Vólia Loureiro do Amaral Lima


2015 01 14
Marias III

Maria, Maria... O que queres nesse dia?
Por que tanta inquietação, suspiro e lamentação?
Está andando tão depressa,
essa lata não te pesa?
E Maria esbravejando se sentou
a beira do caminho, chorando.
A lata está pesada, fardo pesado de tanta gente,
minha mãe esta doente, tio Zezinho descontente,
minha vizinha o pé quebrou e a comida acabou,
o dinheiro ninguém viu,
minha tia em depressão, eu em busca de um tostão;
o meu chão de mim roubaram,
minha bolsa assaltaram,
minha boca até calaram,
a mentira está a solta
e, eu vou perdendo as roupas
sem nenhuma compaixão;
idolatram o estrangeiro e abominam o cidadão
brasileiro que trabalha o dia inteiro.
Gemem os filhos desta terra, que era antes mãe gentil,
onde se afagarão os lamentos dos teus filhos, oh Brasil?
E Maria ia levando a lata na cabeça, ela ia se arrastando
e, eu ali, vi Maria partindo, suas lágrimas enxugando;
corri e gritei a Maria: - O que te mantem de pé?
Ela fez um sinal para os céu e disse:
- Oração perseverança e fé!
E lá se foi Maria e com ela outras mil...
Quantas Marias têm espalhadas na nossa pátria amada Brasil?

Ely Monteiro
2015 01 13

Sonhadora
Chamas-me sonhadora, 
É um estado suspenso hipnótico
da minha alma do real ao irreal
deixo que as minhas pálpebras
se fecham em blackout.
O pensamento voa no obscuro 
procuro as minhas tonalidades
desde a transparência da minha alma
até às cores do arco-íris.
Fixo-me no lilás, sempre no lilás,
no dégradé dos tons.
Os lilases, 
são as minhas cores de sonho,
e a minha fantasia 
começa a explanar
palavras soltas 
a pairarem no ar.
Poderia agarrar uma a uma
e começar a conjugar 
sentidos e emoções.
Há vivências indeléveis e efémeras .
Mas não quero hoje recordar nada.
Baseio-me na simplicidade do viver 
e na verdade do meu estar na vida
com subtileza e leveza.
Enlevada no sonhar em demasia, 
neste momento não quero fantasia.
Apetece-me ficar assim 
num estado ausente a meditar.
Maria Lúcia Saraiva
2015 01 12

O tempo não parou

Sentada na falésia da saudade
Escrevo para ti.
São palavras com alma
Sentimentos nunca revelados,
O abraço que outrora desejei,
O beijo que deixei pra depois,
O sorriso que nunca te mostrei…
São sopros da alma
Que o ceticismo não permitiu revelar-te.
São cartas jamais entregues !
Amanhã digo,
Oh ! digo depois, 
Depois e depois…
Hoje eu parei
Mas os ponteiros do relògio velho
Continuaram às voltas,
De hora a hora cantava o cuco,
Gritei pausa!
O velho cuco respondeu-me
Que o tempo não pàra,
E a vida não tem replay!
Baixei o olhar
E fiquei em silêncio…
E agora ?
Agora de que vale ter tanto para te dizer ?
Se tu jà não me ouves !
Hoje,
apenas o làpis sentiu o bater do meu coração,
somente esta folha de papel pude registar
o sufoco das palavras não ditas
deste amor não revelado.

Celina Parente

Depois de umas pequenas férias, retomamos 
hoje a escolha de poemas dos nossos poetas

2014 12 19
Uma fase

Enrola a vida.
Triste vencida.
Embola tudo,
Desespero à vista.
Desalinho egoísta.
O que é isto?
Um perigo
Ou um castigo?
Não é nada disso.
Somente uma passagem,
Um vento, outra paisagem.
Aí vem a coragem
E desenrola e desembola.
Nunca vai embora
A tão vital esperança
E fica a bem-aventurança...

Solange Moreira
201412 18

Fado, choro da alma

Fado! Saudades que envolvem o coração,
O chorar cantando, na voz um lamento,
Saudades, de um grande amor uma paixão,
Que partiu, e deixou apenas o tormento.

Fado! O reviver um amor que não esqueceu,
O choro cantado, com o gemido da guitarra,
Coração sangrando, um amor que não morreu,
Alguém só, cantando assim á vida se agarra.

Nas noites melancólicas, quando a saudade,
Vem de mansinho, apertar o solitário coração,
A alma chora, mas o seu choro é na verdade,

O grito que morre na garganta com emoção.
Fado! Gemido de quem sofre a crueldade,
O amor vivido, que partiu e deixou a paixão.

LuVito.


 2014 12 17

Gente fina

São ministros, são banqueiros!
Gente de bem, gente fina
Vigaristas, trapaceiros,
Negras aves de rapina!

São autênticos coveiros,
Deste povo que tem sina,
De ver voar os dinheiros,
Nas mãos de gente cretina…

Caras de anjo, sorrateiros…
Vão delapidando a mina,
Esvaziando os celeiros…

Esquece, povo, a neblina…
Corre com os embusteiros,
Antes que seja a ruína!...

José Manuel Cabrita Neves

 2014 12 16
Sonhar

O sonho e o desafio
São uma constante da vida
Para que a vida tenha brio
E não a darmos por vencida

Umas vezes sonhar dormindo
Outras vezes, acordado
Porque é belo, é bem-vindo
Neste viver amargurado

Á que sonhar e viver
Nesta selva desmedida
E assim podem querer
Dá mais sentido á vida

E em tempos complicados
Á que contornar, ser destemido
Enfrentar de frente como forcados
E não nos darmos por vencidos

Coitado de quem não sonha
Sem desafios, podem crer
A vida vira medonha
Sem sentido, não é viver

E se pensarmos a preceito
A cada vencido desafio
A vida tem mais jeito
Fica a vida com mais brio

O sonho é a essência
Que o desafio consente
O futuro fica á distância
Do germinar da semente

Se o sonho for bem consertado
Bem assente e bem medido
Deverá ser firmemente agarrado
Com garra para ser vencido

Também há esperança
A sorte, a inteligência
Tudo pesa na balança
Melhora com experiência

A vida sem desafios
Se não forem ultrapassados
Tudo fica tão mais frio
E o viver, está acabado

Mesmo em tristes tempos
Com vontade de chorar
Não retraias teus sentimentos
E não pares de sonhar

Sendo assim quero viver
E toda a vida sonhar
Não á desafio, podem querer
Que me possa derrubar.

João Antunes.
   
2014 12 15

A paisagem desenhando minha dor

Observo através da janela

Uma paisagem entristecida,
Parece chorar minhas dores
Numa distância quase igual à tua
Onde os olhares se perdem nos desencontros
E as alegrias esmaecidas da espera
Definham recostadas
Sobre as margens das estradas
De um tempo perdido.
Nessa distância que não alcanço
Sinto um brilho a perder-se
Entre sua luz e a razão a que brilha,
Ilumina tantas trilhas
Mas jamais se encontrou,
E nessa imensidão do que temos
Ergo uma ponte de desespero
Na tentativa de te alcançar,
Mas já não tenho forças para caminhar,
Tenho uma dor amarrada ao corpo
E um medo amordaçado nas mãos
Provocando meu silêncio,
Desabilitando-me do sonho
Que risquei sobre o chão da memória
E que hoje as lágrimas desse tempo furtivo
Apagam sem piedade.

José Batista.
2014 12 14

Profecias do mar

O mar me contou...
Que eu enfrentaria muitas tempestades
E que os ventos fortes muitas vezes
me assustariam e tentariam me fazer desistir

O mar me contou...
Que quando eu chegasse ao outro lado do oceano
Eu andaria por caminhos de lutas, dores...
E muitas lágrimas eu derramaria

O mar me contou...
Que muitas pessoas me magoariam
E que depois de muitos desencontros,
um anjo eu iria encontrar

O mar me contou...
Que ao chegar ao meu porto,
encontraria meu destino, e ele me levaria ao teu encontro
E nossos destinos se completariam
Pois nosso destino é um só... o nosso Amor

Tudo isso, um dia... O mar me contou

Lúcia Polonio
2014 12 13

Nostalgia

Do espartilho 
Restaram os fios de cetim 
Sobre o birô nostálgico, 
D’onde a folha, de leito,
Estendeu-se por versos.
Pela conversa 
O xale deslizou
Como lágrima sobre o seio, 
Descendo do incontido 
Do silêncio, da solitude.
Em tom maior Ravel
Brindou a noite bradando alto, 
Nasceu o luar...
Enfim, cantou o sabiá!

Auber Fioravante Júnior

2014 12 12

Eu Sou…!

Eu sou…!
O fruto
Das palavras
Que escrevinhavas
Com a minha mão,
Assim fizeste-me teu produto…

Nessas linhas ai vou…
Entre as rimas de uma qualquer canção,
Ai vou eu o domador de palavras nuas,
Que vagueiam pelas ruas sem sentido,
Com o seu sentido omitido,
Eu as cinzelo com a mente e os dedos…

Revelo os seu segredos…
Revelo a vida que há nelas,
Sejam feias ou belas,
Pelas janelas eu as dependuro,
Para mostrar o que há de puro,
Nelas e também em mim…

É ser poeta enfim...
É uivar a lua,
Bailar na letrada rua,
Perseguir cada palavra…cada rima,
Que simplesmente me domina,
Que simplesmente me ilumina…!

E ama…
Simplesmente,
Puramente,
Sem receios…nem medos,
De revelar segredos,
EU SOU POETA…!
EU SOU POETA…!

Miguel Azevedo Rocha 

2014 12 11

Uma vontade preguiçosa...

Hoje não tive do sol o cumprimento
Mas isto também pouco importa
Dentro de mim há um arco iris em festa
Que há metros de distancia logo se nota
E só você é capaz de fazer algo assim
Pois é quando eu sinto teu amor em mim
Percebo que nada porá realmente um fim
Se realmente de mim tu tanto gostas...
E nesse belo amanhecer, mesmo nublado
Vai me chegando uma vontade preguiçosa
De juntar meus pedaços que estão espalhados
Deixando de lado apenas as horas desditosas
Que hoje foram sem importância... Reconheço
E como acredito que outros momentos mereço
Já que manifestas por mim esse teu apreço
Liberdade é o que grita minha alma caprichosa
Liberdade para amar sem medo e sem medidas
Razão lúcida para continuar essa minha jornada
De entregas nunca efêmeras nem ilusórias, pois
Minha vida tem mais sentido depois da tua chegada
E eu sei que se aproxima pra nós doces momentos
Onde se fará maior todo esse nosso encantamento
E numa entrega total dos nossos sentimentos
Continuaremos juntos nessa quase perfeita caminhada

Gábata Almenon
        

2014 12 10
O Balanço do Peso
O vazio
no espaço;
no quarto por ocupar,
no berço por habitar.
No peito,
a luz que se apaga.
No olhar,
a nuvem que se instala.
Há nessa dor
o desejo de tudo conservar;
a mágoa,
o sentir,
o pesar,
a certeza que a luz
não voltará a brilhar.
Fechar os olhos 
e dormir
num despertar,
na chuva que não rega,
no sol que não aquece,
na sombra que não protege.
E, na imensidão do deserto,
a sede insaciável.
A impossibilidade
de cortar
o peso em pedaços;
carregado pelos ombros frágeis
esmaga o ser,
derruba a coragem
e esconde a vida.
A voz que se calou
ainda não pode tocar
as notas que ensaiou.
Derrama o sangue do inocente,
arde na lava,
queima a terra.
Do leve peso
que no voo de um balão se apagou
resta a memória
na pele,
no ventre.
Ao despertar do sonho,
a realidade moeu o grão,
mas recorda
que nada foi vão.


Dulce Morais

2014 12 09
Cadeira cativa

Anseio um cantinho nas tuas lembranças,
Em teu coração eu não coube, já sei...
Mas lembre-se com algum carinho,
Com saudade é pedir muito,
Não quero abusar.
Lembre-se de mim apenas
Como alguém que passou,
Mas a contragosto...
Queria mesmo é permanecer em ti,
Nos teus desejos, nas tuas vontades.
Tens uma cadeira cativa
Nos meus delírios em verso.
Sei que é pouco, muito pouco,
Mas é no coração…

Artur Macedo

2014 12 08
Rosto de marfim…

Num pulcro jardim de rútilas rosas,
Sobre o tálamo de perfumes raros,
Inspiro! Entre belas ditas, formosas...
Entes de olhar puro de sedas e aros…

Céus de mil primaveras sibilantes,
Tombam em doces brisas dementes,
Brados de merengues e ais, amantes…
Loucas bocas! Inda insanas, fermentes!...

Rubor vivo veste inteira a Minh ´alma,
Cerda tecida da mais fina calma, 
Cabelos presos a um laço de cetim…

Nas mãos, o veludo de doce cambraia;
Corpete justo cinge o peito. A saia. 
Que adelgaça meu rosto de marfim.

Helena Martins


2014 12 07

Escombros!

"Eis o meu mundo...cá no chão, tombado!
Pois quem mandou meu coração ousado
Amar demais...a quem jamais o quis?!
Eis as ruínas do meu universo!
Meu corpo-escombro, todo em si imerso
Num mar de prantos...o mais infeliz!
Eis os meus sonhos, um a um, desfeitos!...
Meus sentimentos, todos não aceitos,
Se acumulando em meu coração.
Eis minha alma, a sangrar sofrida!...
Em várias partes lá em si, partida
...Por meu amor ser um amor em vão!
Eis o meu corpo a perder o prumo!...
Pois, dos meus passos, já perdi o rumo
...Por meu amor ser desprezado assim.
Eis mil palavras sem sentido agora!...
Nas quais pensei a cada dia e hora,
Para dizê-las num momento...enfim!!!
Eis minha mente, toda em si confusa!
Pra que versar...se já não tenho musa?
...Se tanto amor já não me serve mais?
Eis o meu mundo, tão fora de eixo!
E, com razão, ao deus Amor me queixo:
"Por que tu sempre vens tirar-me...a paz?!"

Vilmar Costa.

2014 12 06

As minhas duas faces

Tenho duas faces, uma só cara,
Numa das faces recebo beijos,
Na outra, por vezes bofetadas.
São nenhuns os meus receios,
Pelas bofetadas que me dão,
Resiste a tudo, meu coração.
Quando me dão beijos, sorrio,
Para quem me beija a sério,
Pois há beijos tão venenosos,
Que me deixam de sobreaviso,
São tão velados e misteriosos,
Só revelam muita falta de siso.
Ofereço as duas faces e a cara,
Para saberem que a verdade
Sobressai da minha expressão,
Nunca tento enganar ninguém,
Gosto de me sentir feliz e bem,
É tudo produto do meu coração.
As minhas faces jamais alteram,
Estão expostas, não as escondo,
Tenho orgulho nas duas faces,
Protejo-as quando assediadas,
Por pessoas mal intencionadas,
Que não usam de sinceridade.

Ruy Serrano - 06.12.2014, às 16:00 H

2014 12 05

Por do sol

Chegada a hora, o sol escondeu-se
levou no bolso os sorrisos do dia
as tristezas e as saudades.
Saudade de te ver, entre os raios de luz
calor que me enlouquece e me seduz,
sorrisos que roubei a quem me fitou
e entre as tristezas meu beijou ficou…
Lindo por de sol onde ficaram momentos
que durante o dia foram rosas, sentimentos,
dores de amor levadas pelos ventos!
Chegada a hora também me esconderei
na noite que me rouba os sonhos,
sonhos que são flores num jardim de seda
onde minhas mãos serão asas de borboletas que eu criei.

Alda Melro

2014 12 04
Sílabas de silêncio
sinto o enrugar dos dias
a noite transforma-se em fascínio
por ela passam almas virtuosas
as palavras rangem virtudes ocultas
que se alongam em sílabas de silêncio
rosas púrpuras bebem o olhar da semente
os olhos mastigam as dores dos ausentes
os pássaros apressam-se sem pressa voando
a escuridão alonga o manto da descrença
a poesia nasce na dor dos presentes
mergulha nas pedras frias da meia noite
as lágrimas borbulham nos sonhos perdidos
e fervem na calçada dos amantes


Carlos Bondoso
2014 12 03
Maria

O meu nome é Maria
Assim o cantou a cotovia
No beiral da minha casa.
Que a boa nova trazia
No bico que ostentava...

Quando eu nasci
Também veio a andorinha
Que também ela trazia
Nas suas asas alegria
Pena que nunca a vi
Por ser tão pequenininha...

No cartãozinho dizia
Que era uma menina
Que tinha por nome Maria

Fui fruto semeado
Numa noite de amor
Meus pais se amaram
E muito me desejaram...

E foi assim que eu nasci
Assim nasci e fui eu
A menina que nasceu
E foi assim
Que tudo aconteceu
E a mãe contou para mim
E ao céu agradeceu...

Maria Tavares
2014 12 02

Reescrevo teu corpo ...

reescrevo teu corpo 
de memoria pelo tacto 
que senti nos meus dedos ... 
devassos ... no meu contacto... 
nas tuas curvas lineares 
morenas em pele sedosa 
quando te dizia para ficares 
sem o teu deslizar de dengoza 
querendo sair do meu olhar 
ocultando a minha inspiração 
para teu corpo escrevinhar 
com letras do meu coração 
onde as escrevo de olhos fechados 
em rascunho da minha mente 
que no meu peito não tem ressalvos 
de erros em estares presente 
no meu dia a dia de escrita 
onde ressalto o teu ser vivo
nesta poesia de vida reinscrita 
do teu corpo que no meu está cingido ...

Jaca T. Guto

2014 12 01

Condição de alma

Era liberdade, liberta de ansiedade que eu queria
Era viver a vida uma vez, outra vez, ensandecida
Era esperança, da lembrança nem sei se vivida, ou sofrida
Somente a tua voz que eu queria ouvir, noite e dia
Ai amor, que severidade, o destino nos pregou
Desejos e desejos, incontroláveis que o meu corpo desejou
Quisera eu entrar nessa aventura que dói no meu peito
Mas na outra parte da minha alma, assim te rejeito
Não entendes a ânsia que existe no meu, outro, eu
Observo o firmamento, perdida de lágrimas no céu
Repondo a minha alma, e tento deixar-te partir
O meu coração dilacerante de dor rejeita deixar-te seguir
Estás entranhado em demasia no peito a corroer
A minha alma e o meu olhar, te procura em mim a sofrer
Dói este romper, este afastamento, que destino atroz
Demasiada esta dor, sinto em mim, a chama gritante da tua voz.

Rosa Maria Santos


2014 11 30

m moliceiro à maneira
Reconheço-lhe a elegância
no fino traço dos mestres construtores
a tradição inscrita na beleza
com que vogava e ainda voga 
nas águas da ria
Passou o tempo do adubo natural
do moliço colhido no fundo da ria
broa de milho comida à mesa
com sabor a maresia
Foi o tempo do trabalho da ferramenta
não foi o fim do tempo
mas o começo de uma nova aventura
a do amor por ti pelo que foste pelo que és
o da preservação da história de um povo
o murtoseiro
Não te quero num canto qualquer coberto de pó
abandonado pelos que ajudaste a crescer
pelas falsas manifestações verbais de afecto
não quero sequer que te façam um retrato novo
onde já não moras porque nunca foste
para melhor venderem o que já não têm
Quero-te assim
um moliceiro à maneira
(o moliceiro "cristina e sara", do ti virgílio, é de tamanho inferior ao de um moliceiro tradicional, mas como ele há pelo menos 4 a vogar nas águas da ria)
António Cravo
2014 11 29

Concebi
Segui…
Com razão…
Noites acarinham-me.
Flor de espinho…
Arrancou, um passado.
Conheci o vento e o sol.
Sentei-me a vosso lado.
Natureza sem humanos.
Que paz…
Ser poeta!
È estar sozinha,
Num pedaço de mim.
Levo-te…
Nos dedos.
Nos meigos beijos.
No segredo…
De dois corpos.
Nascerei…
Inquieta num pensamento.
Entre folhas,
Murmurei segredos.
Repouso na sombra das tuas mãos.
Tento…
Um pôr-do-sol.
Concedi…
Um sonho…
Onde o céu,
Também chora.

Céu Pina

2014 11 28

O teu poeta
Fustigas-me assim…
Espias-me a cena…
E mesmo sendo tu pequena
Apertas-me a essência do frenesim
E num mundo que diz sim…
O não, não vale a pena
Olho-te e apalpo-te com a íris do azul olhar
Respiro-te e absorvo-te completamente
E no esmagar das vontades, bebo-te docemente
Num desafio embriagado pelo teu luar
Fustigas-me e te amo na contemplação
Mulher de rendas e pernas desnudas
Formosura de intensa copulação
Na vontade cega do pensar, 
na esperança das tuas mudas
E na verdade do meu poetizar
És o álibi quando te vejo… E é tão pouco
Que imagino por entre pernas,
o magma em carne viva
E rouco… Muito rouco
Grito por ti, no silêncio das arribas
Erguidas como eu… Poeta louco
O teu poeta…

José Alberto Sá

2014 11 27

Margem

Estou na margem
Desta estrada feita de água
De beleza brilhante concedida pela lua
Pequenas embarcações vão dormitando
A espera de nova faina
Este cais acolhedor
Aconchega me alma e o coração
Caos onde se escondem
Amantes que trocam beijos
Apaixonados e tão molhados
Com o próprio rio
Mas também recebe viajantes
Com os braços abertos
Uns de rosto medroso
E Outros de sorrisos exagerados
E alguns com lágrimas
Com olhar apaixonado
Vejo as embarcações
Tenho sede de partir numa delas
Então navego na mente
E os meus olhos
Vão procurando outras margens
Navego com os pés assentes no cais 
Mas vou no barco dos sonhos 
E vou com tempo
Para encontrar a margem mais bela

Pedro Pestana

2014 11 26
Nuvem Estelar
O fundo é branco, seda onde me deito
Onde o meu corpo se estende rendido
Onde encontro todos os meus silêncios
E o rendilhado enfeita todos os sonhos.
Os meus olhos prendem-se no tecto
Ao encontro das estrelas que o enfeitam
E sei…que ali naquele lugar jaz o infinito
Onde todos os amores… se deitam.
Abençoada seja a tela da noite…
Esta sim…não tem margens por defeito
E cada ponto de luz um momento
Corpos que se unem…uma ponte…
Um castelo feito de amores-perfeitos
Borboletas com asas de suspiros doces
Mãos que se unem. Seres imperfeitos
Na perfeição: o desabrochar das flores.
Nuvem estelar que adormeces serena
No aconchego quente dos meus olhos
E que ao sono deste alimento para sonhar
Deixa que as estrelas em ti, morram devagar.


©Maria dos Santos Alves

2014 11 25
Dilema
Disseste-me tantas vezes
que tinhas algum pudor
em dizer-me 
que eu era teu...
...porque me querias 
totalmente livre 
no laço do nosso afecto...
Respondi-te sempre,
invariavelmente ,
da mesma maneira...
que sempre me senti livre
porque o meu dilema 
sempre foi o de escolher
entre permanecer 
ou em ficar,
para te habitar 
e tu habitares-me
em liberdade


Hamilton Ramos Afonso
2014 11 24
" Sonhando com flores !!!.."
Minha rosa perfumada !!!...
Meu amor...minha alegria ;
Meu raminho de alecrim .
Papoila rubra...encarnada ;
Amor perfeito...p´ra mim !!!...
Meu lírio roxo do campo ;
Meu girassol...rosmaninho ...
Meu amor , amo-te tanto ;
Éden florido...meu encanto...
De violeta és raminho !!!...
És pétala de margarida ...
Tulipa ...açafrão...verbena ;
Lilás...camélia...açucena ...
Janela de cravos florida ;
Minha flor ...minha vida !!!..
És mulher ...jóia ...flor...
Meu doce ...minha paixão ;
Dourado canteiro d´amor ...
E um jardim...teu coração !!!...


António Joaquim Alves Cláudio

2014 11 23

Eu podia ser

Podia ser o sol, que te procura, 
o oposto à escuridão que te domina. 
Com’ uma luz na noite mais escura, 
para inspirar poetas, em surdina.
Eu podia ser vento, a formosura, 
que se espelha em teu rosto e me domina, 
pra resgatar da mais negra amargura 
o pavio da luzente lamparina.
Podia ser já tanto, mas sou nada, 
ser um rio amarrado a uma jangada 
procurando em marés, uma ventura.
Podia até louvar-te no teu leito, 
ter o feitiço que usas em teu peito, 
levar-te até às raias da loucura.

Manuel Manços

2014 11 22

Abre o coração

Sou o soluçar num sonho teu,
um afago dolente no teu despertar,
uma sombra no teu olhar...

Deixa que se esbatem as lembranças

de mágoas regadas de rancor...
há brumas irisadas a surgir
a abrilhantar o teu sonho de espanto.


Sou o teu sonho regado a lilás
em que sempre minha alma se compraz.

Há lírios nos olhos teus,
quando de longe procuram os meus.

Vem com teu coração aberto,
deixa para trás o deserto,
os cardos de mágoa e dor.

Acredita na magia do amor...
abre o coração a uma nova era
deixa o sol do perdão te inundar...
e não te serei jamais o chorar

Vem e despe as mágoas do teu ser.
Porque novas alvoradas em ti vão renascer.

Emília Pedreiro

2014 11 21

Ecos

Debaixo de um céu tingido de sangue da cor das papoilas
onde a morte de um sol amargo está para breve
corvos e abutres disputam-no grasnando na espera.

Num campo de rosas de breu
e gritos despedaçados sem despedida
tento alcançar-te.

Ecos de cantos antigos de um pássaro perdido de ingenuidade
que acabou de acordar com medo e não tem onde poisar,
queimam-me.

Desço a cortina que me corta a paisagem
abraço um silêncio vivo
e mastigo flores imperecíveis de lágrimas ternas.

Margarida Sorribas

 2014 11 20
Quero gritar paz
Hoje pensei no mundo
na maldade
também pensei na bondade...
fui para o meu canto e queria gritar
paz !
sim gritar e que me ouvissem 
é preciso paz em nosso coração
para parar esta maldição
a verdadeira amizade já não existe 
isso me deixa muito triste
vamos parar por momentos ...
errar quem não erra?
mas depois pagamos por isso
se alguém prejudicas, vai nada temas
pede perdão
entrega a tua mão e aperta com força
uma nova união
mas nunca destruas teu coração
se fazes mal por prazer...
nunca vais ser feliz, vais sempre sofrer
Oh...! como era bom que a maldade fosse embora
quero gritar bem alto 
que meu eco chegue ao mundo
vamos ter paz , vamos ajudar 
em apenas uma palavra...
vamos amar !
Laurentina Moreira

2014 11 19

Que faz do tempo?

Que fazemos da vida?
Embrulhados 
nos pesados 
xailes das angústias, 
mentes lacradas
em liliputianas minudências
dançámos nossos bailes
ao toque de aparências,
combinadas.
Comemos extemporâneas 
maledicências já temperadas
lambuzando os egos
em aspas, reticencias
e sossegos de coisas adiadas
e mais pequenos nadas.
Assim passam os dias
em orgias de raspas
e mil alegorias laminadas.
Assim passam as horas
e tantas as demoras.
Nada, nada que releve
que seja leve e aurora
que seja sonho e agora
e mais e mais á nora
os dias passam iguais,
esquecendo o que se deve
que é só noticia breve
e fossas abissais.
Sem vermos lá de fora
as coisas principais
com os licores 
de horrores
e mil telejornais
chega a mal sã aurora
dos sonos e torpores
em mudos ais.
Da vida nem noticias,
do tempo só sevicias
em bebedeiras de nada,
só existe o pó e o breu,
e a lonjura da estrada
já passada, digo eu.
A vida? Vem nas notícias!
A morte anunciada!

António Aboim Sales


2014 11 18

Flores vivas do amar

E nessa presença viva
que encanta o meu amar,
eu sou conquista eterna
de quem deseja para sempre ser abraçada
com asas leves e brancas
assim desejo
este momento, este sentido 
que leva a tudo que sinto.

E se eu no caminho espinhoso
meus pés ferir, e sangrar ao sentir
eu sei, que teu resgate virá, perante meu pobre existir.

Oh como sei...
como anjo presente em todo meu viver
Diamante lapidado com as asas do amor.

Oh o amor (...)
que salva e cura, toda a ferida
por mais funda que ela seja.

O amor salva, lapida, e enfrenta
toda a nossa iniquidade, toda a nossa fraqueza.
A nossa necessidade de não existir,
talvez a insanidade do amor, 
seja essa preciosidade, do sentir e do viver
que faz surgir neste mundo, flores vivas do amar.

Paula Catana

2014 11 17

Solidão

Porque te hás-de queixar da solidão, 
foste tu que a deixaste florescer, 
no canteiro onde os goivos beijar vão, 
uma efígie que morreu para nascer. 

Tu que andas enlaçada à solidão, 
que é nuvem a ensombrar o alvorecer 
e persiste nos dias, que se vão, 
em espelhado e sagrado anoitecer. 

Traz com ela um inverno só de gelo 
que arrepia e entorpece só de vê-lo, 
em dias que deviam ser de esp’rança. 

É tenaz que magoa, a solidão. 
Tem na alma o rubor quente dum tição, 
persiste em magoar como vingança. 

Manuel Manços

2014 11 16

Sou Borboleta

Sou Borboleta

Sou borboleta, sensibilidade extrema...

Sou essência, poesia e dilema, que verseja com encanto a paixão que possui pela vida...

Sou criminosa, roubo momentos ao tempo, eternizo-os nas minhas memórias, assalto o teu olhar com um simples sorriso meu...

Sou poema, quando as tuas mãos enlaçam a inebriante seda da minha alma serena, e mergulham no meu mar...

Sou loucura, equilíbrio; sou feita de imperfeições...

Sou sonhadora, Rosa encarnada e perfumada...

Sou pintora, no mundo das palavras...

Sou Mulher... guardiã de emoções, respiro esperanças, transbordo amor, procuro viver, sem medo, sem dor.

Sofia Valadares


2014 11 15

A MINHA SINFONIA

Nas baladas que a vida me cantou
Há melodias belas, que oiço ainda
E lembro muitas delas, quando finda
O dia que na noite se tornou.

Tenho filhos, a música mais linda
Que a orquestra da vida me tocou
E, se algum dia a voz me falhou,
Ouvi as notas, de beleza infinda!

Como maestro rígido, exigente,
Talvez tenha pedido em demasia,
Mas fi-lo por amor à minha gente…

E quando da partida chegue o dia,
Parto realizado e consciente
De ter composto a minha sinfonia!

Carlos Fragata

2014 11 13

Sou palavra…

Sou palavra solta agarrada
a mim
sou deserto, paraíso 
neste meu canto
onde os índios
dançam nesta
minha solidão
Os céus caem no 
mar e na terra
só para ma abraçarem
E eu ... aqui!
... esperando o deserto 
reconfortante neste 
meu olhar despido
sem pudor
onde me sinto 
nua 
acarinhada pelo
meu Eu!
Sou fúria, paixão
amarga e doçe
Sou Amor!
Sou 
simplesmente
Eu!!
Manuela Clérigo
2014 11 12

Quimeras

Molhei as minhas lágrimas nas gotas do orvalho.
A vida permite a perseverança e a humildade.
A palavra nomeia-te como poder desta vastidão de desejos.
Vou beber da água que preenche a sabedoria.
O poema não tem letras;é sulcado e lavrado na tua pele.
E já não sou demónio desta imagem de violência.Deixo-te repousar enquanto vejo o pôr do sol por entre os cortinados do quarto.
E o vórtice da paixão mitiga esta ligeira solidão.
Retenho a tua imagem e vou devorando os fétiches do consumo.
Que exaltarei?
As nuvens espessas envolvem o nevoeiro da esperança.
E força de sacralização do ser ,teu nome é mar e vendaval.
Sentir as emoções é mais que repetir a magia do teu canto de saudade.
É construir o plano inclinado do sonho.
E nascerá a paz neste castelo.Vou ausentar-me da dor e com este fogo 
acender as luzes na cidade.
Por ti o sol brilhará.

Agostinho Borges de Carvalho

2014 11 11

A Fênix e eu

Fênix 
renasce das cinzas e voa sobre mim.
Dá- me um pouco de sorte.
Este silêncio de morte 
retira-me o dom da magia. 
Fênix 
eu choro em vão e o meu porte
desvanece-se numa nuvem de poesia.
Fênix 
renasce de novo e traz-me nova Alma. 
A minha foi- se.
O Hades levou-a...
Ele matou o Amor.
E...oh horror!
Eu não consigo levantar-me.
Ares está a pisar-me.
E causa tanta, tanta, imensa Dor.
Fênix 
tira-me daqui.
Eu já vi muito e não vivi.
Não senti em mim alguém que me amasse. 
Fênix 
toda a vida quis alguém que me abraçasse
e me dissesse verdadeiramente 
que me amava.
Fênix 
eu subi e desci aos Céus e aos Infernos.
Eu percorri todo o Universo.
E encontrei somente o Caos dentro de mim.
Fênix 
renasce das cinzas 
e vem perceber porque estou assim.
Eu choro a Dor em cada palavra.
Eu grito em silêncio a chama que me queima!
E o meu coração triste, teima, teima.
E deixa uma lágrima de Amor em cada verso.

Teresa Maria Falcao Teixeira 


2014 11 10


Os segredos dum olhar

Olhos que meus olhos veem
Vislumbram nos olhos teus
Que essas lágrimas contém
O sal que tempera os meus

Teus olhos verdes, brilhantes
De esplendor ténue, esbatido
Pelas lágrimas rolantes
Que molham o teu vestido

Ficam baços, sem fulgor
Mas meus olhos julgam ver
Que esse desgosto de amor
Bem cedo o vais esquecer

Há sempre alguém que recolhe
E junta os cacos partidos
Alguém que sinta, que olhe
Esses teus olhares perdidos

Meu olhar também me diz
Que essa paixão que abalou
Não te faria feliz
Prova que nunca te amou

E eu, divisando em teu olhar 
Esmeraldas tão fulgentes
Dou comigo a meditar
Nesses olhos tão ardentes

Dizem meus olhos, sem medo
O que o coração atesta
P’ra não guardar tal segredo
Que um olhar não se contesta

São reféns dos teus olhares
Que deles só se desprendem
Quando meus lábios beijares
P’ra que os segredos desvendem

Estavam p’ra mim reservados
Teus olhos, teu coração
Hoje sim, estão marejados 
Mas de amor, de emoção

Augusto Molarinho de Andrade

2014 11 09

QUANDO EU JÁ NÃO EXISTA!

No dia em que eu partir cá desta terra
Por certo ireis chorar a despedida
E perguntar se afinal haverá vida
Depois deste ciclo que se encerra!

E entre os que ficam nesta guerra
Esperando também a hora da partida
Suplico que haja alguém que sare a ferida
Do Homem que por pecado, sempre erra.

Que louvem a poesia enquanto arte
Ou então que o poeta viva no infinito
Deixando a alegria trespassar

Mesmo que eu não exista e esteja em Marte
Suplicando por um mundo mais bonito
E onde todo o Ser se possa…amar!

"O Poeta Alentejano"-Renato Valadeiro


2014 11 08

EU CREIO

Creio na força da vida
Ancorada no mastro da fé
Onde tudo se move
E cada silêncio entupido
Solta-se no vácuo do frio
No alento ferino desta maré

Creio no silêncio da paz
Na farpa por mim recolhida
Onde tudo se move
Em passos finos de luz
No amor que tu me dás 
Para secar esta ferida

Creio na magia do amor
Desenhada no meu sol
Onde tudo se move
No afago do teu calor
Sigo o traço das rotas
No brilho desse farol

Creio no valor da amizade
Escoltada numa bandeira
Onde tudo se move
Na palavra da verdade
Ouvindo a voz da alma
Sem rancor na cabeceira

Creio na viagem da morte
Num barco leve a partir
Onde tudo se move
No destino desse norte
Numa porta doce a abrir
Esse afago eu possa sentir


2014 11 06
ALMA

A minha alma
Grita
Chora Clama
Minha alma
Desafia-me
Para horizontes
Que não conheço
Minha alma
De poetisa 
Que não quer parar de sonhar
Nos sonhos voa
Por muitos lugares
neles estão
Pedaços de mim
Minha alma
Quer algo novo
Minha alma
Está cansada
De gritar
Num grito silencioso
De sofrimento
De amor
Que eu ouço
Dentro do meu ser
Minha alma
Quer uma vida
Melhor
Para viver 
Em paz sem dor.

Tina Gante
2014 11 05
Assim sigo

Solta no vento e sem elo.
Metade de mim perdida
na poeira do tempo,
Sem volta, sem atalho.
Horizonte é rumo
É destino..
Sou folha branca
em pleno vento de outono
sem escritas, sem rimas
Na esperança de uma primavera
para me reflorir.

Fátima Lima

2014 11 04


Meus Cem Anos de Devaneios

Eu já não tenho mais cem anos,
eu adormeço em uma nuvem,
as borboletas fazem planos
de darem asas as vertigens.
Eu já não vivo dentro dos espelhos,
eu voo em céus de purpurina,
as águias morrem nas montanhas,
as almas planam como lamparinas.
Eu já não canto o canto apoteótico,
eu amanheço em sol de diamante,
os devaneios engolem barcos
que navegaram em outros sonhos.
Eu já não sou de letras destras,
eu pinto as noites de aquarela,
a lua vigia o amor das estrelas
que dançam dentro dos olhos dela.
Eu já não morro em uma prosa,
eu reverbero em uma poesia,
o mar tem ondas cor-de-rosa
que banham as flores da matilha.
Eu já não uso mais relógios,
eu derramo o cálice de vinho,
o candelabro é lume bruxuleante,
eu recomeço aquilo que foi antes.

Jonas R. Sanches

2014 11 03
Desilusão

Frias palavras
soaram, sem dó
Desmoronaram momentos
felizes momentos
desejos sentidos, não vividos
Na brisa da noite
de aragem amena
O barulho do mar
testemunhou o meu soluçar
As ondas calmas e pequenas
soltavam salpicos
como lágrimas serenas
Sim, havia dor
num rosto molhado
Não importa quantos dias
horas ou minutos, tinham passado
Sim, havia amor
Coração magoado
guarda esta lição.
"Só quem nunca amou,
se livrou, duma desilusão"

Maria Amália

2014 11 02

Para Perdoar A Tua Voz
Tu amada minha, ou antes areal,
esperas ansiosa a gaivota que amas.
Sabes que vêm das areias de Portugal
e tudo mais, é o que tu somente proclamas.
Esperas a tua gaivota de asas feridas
pela mais severa das tempestades.
Sabes que voa para unificar duas vidas
acabando com a distância e as suas crueldades.
Canta! Canta amada minha
como um farol que ilumina na noite escura.
Canta! Canta livre amada minha
para que em breve seja esquecida esta amargura!


Fábio Ferreira

 
2014 11 01

ABRE A PORTA AO AMOR

Abre a porta ao amor
Deixa-o entrar
Seja ele qual for
Não lhe feches a porta
O amor é para se amar
Amor de pai ou de mãe
Amor de filhos e netos
É mais que simples amor
São afectos
Abre a porta ao amor
Deixa-o entrar
Tens de te acautelar
Se é amor de verdade
Ou se é alguma maldade
Que te querem fazer
Sem te avisar
Tens desse amor desconfiar
É mesmo de temer
Há amores e amores
São muitos os temores
Os amores amorosos
Nunca foram de confiar
Seus ardis são famosos
Tens de te acautelar
Escolhe os teus amores
Não os ponhas no mesmo saco
São falsos e sem valor

Ruy Serrano
2014 10 31

REVEL

É assim meu espírito,
Inquieto como o vento.
Voando nas madrugadas,
Em busca do verso puro.

É assim o meu espírito,
Como um bravo corcel,
Segue sempre em disparada,
Alma, sempre apaixonada.

Não sei me dar aos poucos,
Vivo a vida de forma inteira,
Não faz sentido amar,
Se não posso ser verdadeira.

Não sei fingir.
No palco, eu a mim represento,
Nas comédias, romances,
E tragédias, que a vida me permite viver.

Bebo a vida em grandes goles,
Aspiro-a em longos haustos,
Provo-lhe, sem medo, o sabor.
Ouso, vivo...

Sou vento,
Que passa e faz balançar as folhas das árvores,
Mas, se quero, sou brisa leve,
Que deixo um perfume, um leve roçar de lábios,
Na alma que a mim ousar amar.

Vólia Loureiro do Amaral Lima
31/10/14

2014 10 30
Pétalas líricas

Há lírios dentro do sistema solar.
Pétalas perfumadas
de um mundo que desfaz
dentro de mim...
Há versos esquecidos no amanhecer,
de um desabrochar agudo
que brindam o sem fim.
Há milhares de palavras
que acordam entre pétalas de encantos.
Versos, palavras soltas,
Lírios de outono que enfeitam folhas caídas.
Há milhares de letras
neste lugar de lírios e sonetos,
onde o sol se desfaz por inteiro
rasgando versos esquecidos.

Suzana Martins
2014 10 29
A noite
Não reconheço a noite
onde se perdem os meus sonhos
ou apenas as simples ilusões
se diluem nos raios frios do luar
onde a minha alma se afoite
onde possa ouvir o teu riso
ver a côr dos teus olhos
sentir o aroma do teu corpo de mulher
apaixonada bailando em trigais amarelos
onde se destacam teus olhos belos...
perdidos de querer
ansiosos de viver
de oferecer
o teu amor casto
nas coisas mais frágeis e belas
em que tu sabes 
ser uma delas!
Jorge T. De Morais/14.10.29
2014 10 28

Questionando

Diz: onde é o horizonte?
Onde estão as minhas asas que entreguei a ti?
diga-me: onde é que encontro o mar?
Olhe em meus olhos, rodeado de estrelas
e diz que estarás comigo…
Diga apenas que caminharás ao meu lado
caminho sobre caminho, rocha sobre rocha
até que, na cidade, a luz do novo dia renasça.
Diga-me, apenas, com um gesto que eu reaprendi a voar…

Suzana Martins 08/2011

2014 10 27

Amoreterno amor

Jamais aceitarei um amor platónico
Quero o amor na sua exacta medida
Acrescentar-lhes a paixão como um bom tónico
Quero um amor que pegue fogo à minha vida.

Que alimente as labaredas da paixão
Um amor que venha à minha vida dar mais cor
Quero um amor, para me tirar da solidão
De alguém que seja para sempre o meu amor.

De alguém que traga, tudo aquilo que eu queria
Que possa vir, até a mudar a minha história
Para que transforme a minha dor em poesia
E desta luta, que o amor seja uma vitória.

E se tiver, de ser que seja até daltónico
Seja capaz de confundir as cores da esperança e da paixão
Pois para mim, pode ser até lacónico
Desde que seja um amor de perdição.

Que nunca perca o rumo até encontrar
Aquela que venha para me preencher
Que traga amor, para o meu amor completar
Que seja a amante, a amiga e a mulher.

Joaquim Barbosa
2014 10 26

BORBOLETA MULHER
A borboleta tem tudo a ver
Com as cores de um arco íris
Com as formas sensuais da mulher
Com o sorriso de uma criança
No desabrochar da esperança...
A mulher tem tudo a ver
Com o voo de uma borboleta
Com tal leveza sai da crisálida
Abre-se e ganha o mundo
Na leveza da alma alada...
Tem tudo a ver
Com o cheiro que exala
Na sensualidade da polinização
A sutileza de um beija flor
Com o poso suave
Da fêmea depois do amor...
A borboleta tem tudo a ver
Com a fragilidade da mulher
Nas acrobacias sensuais
Que só ela faz
Na dança corporal
No voo da imaginação
De uma entrega de paixão...


Irá Rodrigues

2014 10 25

É ENGRAÇADO PENSAR

É engraçado pensar...
Agrilhoas-me a alma
Em tons suaves de carmim
Com fitas suaves de cetim.
Vendas-me o coração
Em intensas ilusões
Em que não controlo emoções.
Cegas-me as respostas
Nesse beijo avassalador
Em nome do que chamam amor.
É engraçado pensar...
Que talvez só calo
Pois não mereces o que falo.
Que talvez evite ver
Pois gosto de te ter.
Talvez não queira pensar
Porque para já estou a gostar.
É engraçado pensar...
Não me tomes como certa
Não seria a decisão correcta.
Não me vejas conquistada
Ou sequer apaixonada.
O certo é fácil de desiludir
O certo levar-me-a a partir.

Sara Ribeiro 24/Outubro/2014

2014 10 24

Habitar-te em sonhos...
Quero povoar-te os sonhos , 
colorir-te as noites ,
levando-te o meu corpo para junto do teu , 
abraçando-o , em laivos de ternura ,
deixando nele o meu perfume a alfazema
e trazendo comigo o teu 
com o olor do jasmim...
Quero realizar um suave bailado
com as minhas mãos a percorrerem,
com a ponta dos dedos em suave carícia, 
cada milimetro da tua pele
e fazer nascer no teu rosto um sorriso , 
provocado pelos arrepios
que na pele sentes , como se fosse percorrida
por dez suaves penas...
Quero pousar, suavemente ,os meus lábios nos teus 
e devagarrinho , entreabrir os teus ,
neles depositando o perfume do amor que te tenho , 
deixando na tua alma , dessa forma ,
o halo da minha , alimentando assim a união das duas numa só...
Quero habitar-te nos sonhos, 
para que se cumpra sempre 
o que prometemos um ao outro , 
o propósito de habitarmos o coração de cada um, 
e deles cuidarmos com zelo,
cimentando o nosso afecto

Hamilton Ramos Afonso
2014 10 22

O amor da sereia

A lua ilumina a noite

e a sua luz dá um brilho especial ao mar,
dormes no teu sono de sereia
junto ao mar
com a areia a servir te de colchão
e as ondas de lençol
tapando te e destapando te na rotina da maré,
sonhas com o amor
em qual já não acreditas,
mas o teu sonho sim,
as ondas mais agitadas acordam te
e ao acordar vez um belo golfinho ao teu lado
ele fala te de amor
numa lingua que só tu conheces
e de maneira tão magica
que deve ser poeta,
os teus olhos brilham para ele
e mergulham ambos no oceano
para irem ter com a felicidade.

Pedro Pestana
2014 10 21

Sedução
A porta está aberta
pode entrar e não tem pressa de ir embora.
Eu sei que vou te dar tesouros
da minha juventude que ainda
habitam em mim.
Tu viverás e brilharás
junto do meu corpo.
Terás sombra no teu chão...
fogo aceso no coração
e afagarei tuas mágoas
na encruzilhada sagrada
da minha efêmera ilusão.
Fique,
a noite nos acalentará...
pouco a pouco ela iluminará
nossos desejos
e arrancará o negro véu hediondo
dos momentos sonolentos
renascidos da nossa dor.
Deite,
sobre meu corpo nu
e deixe
nossa face estranha amanhecer
nos fragmentos ocultos
dos delírios que nos fazem
renascer!...


Sulamita Ferreira Teixeira
2014 10 20

"MEU CASTELO EM FESTA"

Sou no infindo horizonte estrela cadente
Disperso-me no Universo; sou luz fugaz
Invejo o Sol, de um brilho resplandecente
Sondo o belo,a virtude;nada há de que seja capaz

Na ambição meu castelo de rocha eu construo
Onde entre cavaleiros e vassalos me destaque
Mas quão as areias são movediças; tudo eu poluo
Na vida tudo segue e pulsa.Tudo vai, vem e parte

Mas rasgue a claridade as cortinas da escuridão
Num acto de raiva desmedida; decidida coragem
Solte meu peito um grito à Liberdade; numa explosão

Abrace-se a riqueza da Existência; seja Rei ou até pagem
Restaure eu a cor, a beleza do meu jardim; com coração
Celebre-se em festa a Esperança na ...Torre de Menagem

Fernando Correia


2014 10 19

Um grito de esperança

Num dia de sol, de lua, tão triste este dia.
A vida, o desespero, a saudade. Dor n’alma
que faz sentir um amor. Oiro celeste.
Uma alvorada fria, uma noite ao vento. Pede-me calma
dos sentimentos nostálgicos que me deste.
Uma estrela, saudosa luz, estranha força e magia.
Talvez um miserável entre os anjos do céu! No mar
as lágrimas dos dias santos na terra, a euforia,
e nas tempestades um lírio branco, o vento, o ar!
Talvez um pedinte em dor final, a pedir esperança
no corpo nu que me cobre a alma. Um véu terno,
plumas ao tempo, folhas secas, talvez lembrança
à abrir a contagem da existência entre o céu e o inferno.
Amor sejas tu amor, tão alegre, tão infinito...
Mesmo que te roguem tristeza a viver, mesmo à dor,
mesmo à saudade, que seja em plenitude o teu grito,
que sejas em ti à cobiça, o meu mesmo amor.

© Poeta Dolandmay Walter

2014 10 18

Borboleta

Revejo-me na borboleta à luz difusa da madrugada,
borboleta que fui e não sou,
hoje o sol dentro de mim chorou,
um mundo em mim desmoronou...,
reacenderam-se meus medos ancestrais,
aqueles que me ferem e me impedem até de sonhar...
Ousei lutar, o medo afugentar ...
mas pés recusaram sair do lugar.
O medo como mar encapelado em noite de tempestade
na escuridão minha alma quebrada a chorar...
que fazer ?
Uma ínfima centelha de luz na longitude de mim...
jangada de escuridão, espinhos da ilusão!
borboleta esfuziante um dia fui...
hoje sombra na noite a emergir.
Tristeza no meu carpir
num castelo isento de amor...
E eu só anseio um carinho,
uma flor aberta em cor no meu caminho.


Maria Emília Pedreiro

2014 10 17



Inútil tentativa

Deixo restos de poesia
Voando ao vento
E algum poeta carente
Que sempre me persegue
Contente com as sobras
Vai construindo os seus versos
Formando os seus poemas
Fazendo-se admirar...
Enquanto isto
Sigo pelejando a minha sina
Tentando dar vida à natureza
Insistindo em versos frouxos
Jogando palavras ao chão
Uma estrofe minha
Que insípida e indecisa
Segue desfigurada...
As sobras deram ao outro
A glória dos imortais!
Por razão que desconheço
Ando morrendo em poesia
Na inútil tentativa
De ver findos os meus versos
Versos tão mal acabados!

Geraldo Aguiar


2014 10 16


Como não pensar...

Como não pensar em ti,
se em meus devaneios fizeste morada,
caminhas nas vias de meu desassossego...
Sinto tuas dores, saboreio teu riso,
derramo teu pranto.
Amanheces em mim com os raios da aurora,
luz que irradia como anunciação.
Aqui já não há distâncias...
Não estás longe nem perto,
está dentro.
No compasso de meus passos,
sigo a rota de teu laço,
findo sempre em teu abraço...
Assim, no entremeio de todas as horas,
meu existir se confunde com o teu.
Quando a lua atravessa o ocaso e
o breu apaga o dia,
a saudade acende
tua presença em mim.

__________________Como não pensar...

Beth Lucchesi

2014 10 15


MAJESTOSA
...
Os cães cessaram
seus uivos,
as rosas se inclinaram
sobre as pétalas,
o beija-flor até
no ar,
parou...
A luz escura
se clareou,
o céu mandou
estrelas mesmo
sendo dia,
o altivo tempo
estancou,
até o vento
suspirou
quando ela
garbosa,
majestosa
no jardim
adentrou...!
Não era musa
nem deusa...
era meu maravilhoso
amor...!
...
alkas branco
15/10/14

2014 10 14


Um recanto da Mouraria, Lisboa

RUAS DE LISBOA

São ruas de Lisboa, confidentes
do mundo de magia que eu criei
e foram testemunhas inocentes
dos segredos que, afável, lhes contei.


As ruas de Lisboa, condizentes
com os sonhos que terno lhes ditei
foram lendo o meu fado, impacientes,
nas pedras das calçadas, que eu pisei.

Em noites de luar foram amigas
meigas como as mais ternas raparigas
dispostas a acalmar minha ansiedade.

Minha Terra e meus pais cedo os deixei,
nas ruas de Lisboa eu encontrei,
bálsamo pra acalmar minha saudade.

Manuel Manços




...
Nossas cores

Nossas cores são internas
(Racismo, uma ignorância analfabeta)
Eu sou um homem branco
Um homem negro
Amarelo
Vermelho
Pardo
Mulato
Ruivo
Loiro
Castanho...
Que importa a minha pele?
Sou feito de emoção
Os pigmentos que me dominam
Estão dentro do coração!
Sou feito de vontades
De sonhos e realidades
Sou pessoa, e não mural,
para chamar sua atenção!
Simples como todos nossos dias
Também choro de alegria
Também busco sinfonias
Sou como o teu desejo...
Ter uma alma gêmea
Como a tampa e a panela
Como a xícara e o pires
Poder viajar eu e ela
Nas cores minhas e dela
Como um eterno arco íris!

João Paulo Brasileiro




11 comentários:

  1. Adorei... Agradeço imensamente esse reconhecimento! Obrigado

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  2. Esta tudo muito lindo, a todos vocês, parabéns pela beleza de trabalho

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  3. Lindo Blog! Resplandecente poesia!!!! Tudo numa bela harmonia! Parabéns

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  4. Apaixonantes e belos o conteúdo e a forma dos poemas selecionados. Parabéns.

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  5. Belíssimos poemas! Difícil dizer qual o melhor.
    Todos são únicos e espetaculares. Parabéns!

    Lígia Beltrão

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  6. Belos! Gostei, naturalmente, mais de uns que de outros mas não me compete aqui dizê-lo, considero que a poesia é (deve ser) para todos os gostos.
    Parabéns pelo blog, está muito harmonioso!

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  7. É uma grande honra descobrir os meus modestos versos no vosso fantástico espaço!
    Muito obrigada pelo vosso incentivo!
    Abraço!

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  8. Parabéns por esta selecção de poemas.
    Um trabalho meritório que me apraz registar.
    Um abraço e bom fim de semana.

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  9. Obrigada por nos proporcionar tão bela escrita, tua poesia é a mais pura perfeição, DEUS te abençoe e te inspire a cada dia.
    Beijos poetisa
    Bom dia repleto de amor, paz, felicidade, saúde...
    Continuarei a lê-te.
    Poesia VESTE UM SORRISO de Jey Lima Valadares.

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